Será que a Disney não faz mais histórias originais para crianças? Em tempos recentes, surgiram Branca de Neve e o Caçador (com a princesa empunhando armas), Malévola (A Bela Adormecida sob o ponto de vista da bruxa), Cinderela (fiel à original) e Mogli: O Menino Lobo (live-action). O mais novo produto dessa fornada é Meu Amigo, o Dragão, que estreia nesta quinta-feira (29/9).

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Meu Amigo, O Dragão, de 1977, não é um filme infantil dos mais memoráveis. Pertence a um hiato de criatividade e qualidade, que começou com a morte de Walt Disney, em 1967 – Mogli, o original, foi o último com Disney ainda na produção – e só terminou em 1988, com Uma Cilada para Roger Rabbit. Por outro lado, tem um mérito: foi um dos primeiros longa-metragens a mesclar filmagem tradicional com animação – o dragão Elliot filme é 100% desenho animado. Detalhe: na época não se usava computador em filmes.

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O filme de 2016, dirigido por David Lowery, parece-se pouco com o original. Não há mais a parte da família abusiva. E a pesca dá lugar a uma mensagem de preservação ambiental. Além disso, não é encenado como um musical (embora ainda mantenha algumas canções). A rigor, as semelhanças intocadas são duas: o menino se chama Pete e seu amigo é um dragão.

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Na nova versão, Pete (Oakes Fegley) é um garoto que perde os pais em um acidente de automóvel à beira da floresta: assustado e sozinho, ele vaga pelas árvores e encontra um imenso dragão, Elliot. O animal ajuda o garoto a sobreviver na mata por anos, até que uma guarda florestal (Bryce Dallas Howard) encontra o menino e tenta reinseri-lo na sociedade comum. O dragão, que era só uma lenda antiga recontada pelo pai dela (Robert Redford), logo vem à tona e desperta a cobiça de um grupo de homens de uma cidadezinha.

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Claro que, em 2016, o dragão Elliot não é feito de desenho animado, e sim de computação gráfica. E aí causa uma controvérsia. Por um lado, não é muito verossímil do ponto de vista da física ou da organicidade. Peludo, ele parece quase um cachorro tamanho GGGGGGGG — assim como Falkor, de A História sem Fim, que confundiu a cabecinha de muita criança nos anos 1980. Por outro, sua aparência nada reptiliana cabe razoavelmente bem num clima de filme infantil. Afinal, é mais um remake Disney.

Em tempo: a Disney cogita produzir uma versão live-action de O Rei Leão, nos mesmos moldes de Mogli: O Menino Lobo, lançado neste ano. Os animais serão todos gerados por computador. Aliás, o diretor será o mesmo: Jon Favreau. Lá vem mais um remake Disney.