Antes mesmo do término da trágica derrota de 7 a 1 para a Alemanha, as pessoas já começavam a achar justificativas para o que tinha acontecido. Tal comportamento é normal, pois diante da indignação procuramos nos confortar em discursos e suposições. A maioria apontava erros como time muito aberto, falta de meio de campo, sistema defensivo batendo cabeça…
Entretanto, muitos se esqueceram de um detalhe em especial que vai além do sistema tático: a maturidade. Dos 23 convocados, 17 disputavam pela primeira vez o torneio. E logo em casa, com uma pressão absurda vinda de todos os lados, com a obrigação do título.
Outro ponto a destacar é que o importante setor de criação da equipe estava sob a responsabilidade de Neymar e Oscar, ambos com apenas 22 anos. Bernard, o escolhido pelo técnico Luiz Felipe Scolari para a difícil missão de substituir o craque do time contra os alemães, era o caçula do elenco, com 21 anos.
Alguns até podem alegar que a maioria dos atletas joga em grandes times no exterior, começou a carreira cedo, etc., mas não se pode confundir experiência com maturidade profissional. E esta não é negociável, não está à disposição nos melhores MBAs nem mesmo em grandes clubes europeus. Maturidade só o tempo concede.
No dia da convocação, Scolari foi questionado sobre a inexperiência do grupo e não se mostrava preocupado. Esses jogadores não vão sentir tanto a diferença de jogar uma liga europeia, ou um campeonato forte, de jogar uma Copa do Mundo. Eu não acho que vai fazer tanta diferença assim, disse, na época. Mas não foi o que aconteceu, Felipão.
Diante da Alemanha, a falta de maturidade ficou evidente. Especialmente para lidar com as adversidades e a frustração momentânea, e até para evitar um apagão como o que aconteceu e para lidar com uma catástrofe.
Nada contra a Geração Y, muito pelo contrário. Sou totalmente a favor dessa juventude que tem o poder de transgredir, mudar, criar, inovar, mas desde que aliada à experiência e maturidade de grandes líderes. Assim, aumentam as chances de os resultados serem esplendorosos.
Não quero que esse texto seja mais uma das tentativas de justificar a humilhante goleada, mas sim uma reflexão para jovens e adultos.
É uma oportunidade para que os líderes, tanto os de equipes esportivas quanto os do mundo corporativo, aproveitem para refletir. Que sirva de exemplo para que eles, ao formar suas equipes, possam compor juventude e maturidade, entender que a inovação anda de mãos dadas com o tempo e o aprendizado dos mais experientes.

Maurício Sampaio é educador, especialista em orientação profissional, palestrante, escritor, coach e fundador do InstitutoMS