Ivan Santos

O escândalo da Petrobras foi um dos principais assuntos do penúltimo confronto entre a presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT) e o candidato do PSDB, Aécio Neves, ontem, na TV Record. Aécio questionou o envolvimento da ex-ministra chefe da Casa Civil e ex-candidata do PT ao governo do Paraná, Gleisi Hoffmann, e do tesoureiro do partido, João Vaccari Neto – conselheiro da usina de Itaipu – no esquema de desvio de recursos da estatal para políticos. Dilma rebateu lembrando que as denúncias atingiram também o ex-presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, morto em março deste ano, e acusando os tucanos de engavetarem investigações contra eles.
Depois de dois confrontos agressivos na Band TV e no SBT, o debate de ontem começou mais propositivo, com Dilma perguntando sobre impostos e segurança. Aécio manteve a postura mais comedida ao perguntar sobre inflação, no que a petista rebateu falando das baixas taxas de desemprego. Estou estarrecida com o fato de que o senhor não sabe que nós temos uma das menores taxas de desemprego da história, 5%, disse a presidente.
O tucano lembrou que o PT foi contra o Plano Real, criado por Fernando Henrique Cardos. E voltou a afirmar que o Bolsa Família seria a junção de programas de transferência de renda criados por FHC. Eram 5,1 milhões de famílias apenas no Bolsa Escola no final do governo FHC. Essa é também uma marca perversa do PT, achar que os programas sociais são deles, apontou.
Aécio questionou então Dilma sobre o fato dela ter admitido que a Petrobras foi alvo de um esquema de desvio de recursos para políticos. E questionou se a presidente continuava mantendo a confiança no tesoureiro do PT, acusado de ser um dos operadores do esquema pelo ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef, presos na operação Lava Jato. O senhor confia no presidente do seu partido, que lamentavelmente está morto, segundo as testemunhas, recebeu dinheiro para acabar com a CPI?, devolveu Dilma.
O candidato do PSDB lembrou então as últimas denúncias que atingem a ex-ministra da Casa Civil de Dilma, Gleisi Hoffmann, que segundo depoimento de Costa, teria recebido R$ 1 milhão do esquema para a campanha ao Senado em 2010. Como essas coisas podiam acontecer de forma tão sistêmica? Tudo isso é consequência da forma como as pessoas são nomeadas, criticou o tucano.
É importante notar que eu fui presidente do conselho da Petrobras até 2010. Assumi a presidência da República e demiti esse senhor (Paulo Roberto Costa) em março de 2012. Eu nunca impedi investigação, respondeu Dilma. A ata da Petrobras diz que o senhor Paulo Roberto renunciou ao cargo e recebeu os agradecimentos pelos relevantes serviços prestados, lembrou Aécio.
O tucano voltou ao tema afirmando que os trabalhadores que investigram o saldo do FGTS na Petrobras perderam quase 40% de seus investimentos. Dilma rebateu acusando os tucanos de terem tentado privatizar a empresa.
No terceiro bloco, Dilma questionou Aécio sobre o Pronatec. “Em 8 anos, vocês fizeram 11 escolas técnicas; Nós, em 12 anos, fizemos 422. É só 1.600% a mais”, provocou a petista. O tucano afirmou que o investimento em educação tem que começar pelas creches, apontando que Dilma não cumpriu a promessa de construir quatro mil novas unidades. Em qualquer ranking internacional a qualidade da educação no Brasil está nos piores lugares, afirmou.