A decisão do Supremo Tribunal Federal de transferir para o regime de prisão domiciliar nove empreiteiros denunciados no bilionário esquema de corrupção e desvios na Petrobras não vai criar obstáculos ao ritmo dos processos da Lava Jato conduzidos pelo juiz federal Sérgio Moro. A avaliação é dos integrantes da força-tarefa responsável pelas investigações. Pelo cronograma, a partir de junho começam a ser expedidas as primeiras sentenças nas cinco ações penais que têm os executivos como réus.

Nesta semana, a Justiça Federal em Curitiba começa os interrogatórios dos 25 dirigentes e funcionários de seis empreiteiras – Camargo Corrêa, Engevix, Galvão Engenharia, Mendes Júnior, OAS e UTC – das 16 apontadas como integrantes de um cartel nos contratos da Petrobrás dentro desse primeiro pacote de processos criminais.

As ações foram abertas em dezembro de 2014, após as denúncias do Ministério Público Federal serem aceitas por Moro.

Na semana passada, o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef foram os primeiros réus desses processos a serem interrogados pelo juiz. Eles são os principais integrantes e delatores do esquema de corrupção investigado. Costa confirmou o esquema de corrupção e cartel na estatal.

Na opinião dos investigadores, os executivos das empreiteiras têm pouca chance de escapar da condenação pelos crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro em primeira instância. Alguns respondem ainda por formação de organização criminosa e por uso de documentos falsos.

As acusações tratam da corrupção e dos desvios comprovados pela força-tarefa em contratos apenas da Diretoria de Abastecimento, que era a cota do PP no esquema segundo o apurado até agora.

Durante as investigações, foi reunida farta documentação de prova material e técnica contra os interrogados, como quebras de sigilos fiscal, bancário e telefônico, que somadas às confissões de delatores e às provas produzidas pela própria Petrobrás – dentro de suas apurações administrativas – servirão como base para o julgamento de Moro.