Semana retrasada publiquei um texto falando sobre o favoritismo que o Atlético tinha ao título do Paranaense, contando um pouco da satisfação que tenho de ser respeitado pelas torcidas dos três principais times de Curitiba. Volta e meia alguém não gosta de uma opinião e já tasca um rótulo de coxa, atleticano ou paranista. Ao contrário de me ofender, me honra, pois fica claro que cumpri meu papel.

As ofensas que por vezes ainda surgem me incomodam um pouco, mas tento argumentar com o agressor sobre os porquês de tal opinião ou o contexto da informação. Às vezes consigo um retorno excelente, outras vezes os irrito pelo simples fato de existir.

Voltei ao tema apenas para postar um texto de esperança. Claro que a nossa realidade é única e dificilmente mudará aos patamares descritos no relato do colega jornalista Cláudio Stringari, uma das principais referências em assessoria de imprensa do Paraná. Mas nunca deixarei de sonhar.

Em viagem de trabalho/férias (ele trabalhando, enquanto a esposa Lorena e os filhos Paola, 13 anos, e Enrico, 10, aproveitam suas férias) ele esteve no Estádio San Siro, em Milão, na Itália. O texto é divertido e triste ao mesmo tempo, pois traz com graça uma realidade utópica de paz nos estádios. Para refletir.

No sábado presenciei um festival de absurdos no San Siro, em Milão. Ao chegar ao estádio com meu filho vi torcedores com camisas do Milan e do Roma misturados, comendo tranquilamente seus paninos e saboreando una birra.
O Enrico olhou pra mim e falou:
– Pai, vai dar briga.
Nas arquibancadas, sentados lado a lado, torcedores dos dois times. Uma temeridade! Quando saiu o primeiro gol da Roma, os loucos do time da capital comemoraram bem na frente da torcida adversária. Vê se pode uma coisa dessas, pensei.
O Enrico ficou sem entender nada.
No segundo tempo, o atacante El Shaarawy, que passou pela equipe da casa, fez um gol pro time de Roma e foi aplaudido pelos torcedores do Milan!
– Como assim, pai? – exclamou Enrico. – Eles estão batendo palma por quê?, questionou meu pequeno.
Em seguida, o estádio inteiro aplaudiu o atacante Totti (que está em fim de carreira) quando ele entrou em campo faltando 15 minutos para o final do jogo.
Depois da partida expliquei pro Enrico o que presenciamos:
– Filho, por isso que esse países da Europa nunca chegarão nem perto do Brasil. Esses caras deixam que as pessoas torçam tranquilamente pelos clubes que quiserem, entrem no estádio deles, sentem juntos e comemorem gol! Ainda por cima, aplaudem jogador e técnico de time adversário – como fez a torcida da Chelsea com o Claudio Ranieri. É um excesso de educação e respeito que chega a irritar. No Brasil, não é assim (nem no futebol e nem na política). Por isso que nosso país está onde está e os outros estão onde estão.

Eduardo Luiz Klisiewicz é curitibano, jornalista, radialista e empresário.