Desde abril tenho tentado abordar vários temas neste espaço, falando de futebol ou não, sem me ater muito a táticas e à bola rolando. Além disso, me esforço para descamisar minhas análises e opiniões, pois acho saudável tirar as cores de nossos times do foco para direcionar os olhos do leitor para o argumento defendido ou o problema apontado.

E o problema da vez é o Coritiba. Faz algumas semanas que não escrevo sobre ele porque outros assuntos mais relevantes me chamaram a atenção, e porque imaginava uma melhora considerável no desempenho do time neste Brasileirão. O futebol jogado pela equipe até melhorou, mas os resultados seguem horríveis e repetidamente decepcionantes.

Escrever para o torcedor do Coxa é uma tarefa complicada, especialmente no momento em que o time passa por um processo de apequenamento. Enquanto o seu maior rival Atlético evolui para um outro patamar do futebol brasileiro em termos de estrutura e gestão, o Coritiba regride a uma época em que o máximo de destaque na mídia era um gracejo qualquer sobre seu apelido ser Coxa-Branca ou seu mascote ser um Vovô.

Ninguém mais teme jogar contra o Coritiba, nem no estádio Couto Pereira, simplesmente porque o time não mete medo em ninguém. É tecnicamente limitado, mesmo com bons valores em suas fileiras.

Como time a coisa não orna, não fumega. A impressão que se tem é que falta acima de tudo força e segurança psicológica ao grupo, como se nele esteja refletindo a fragilidade administrativa da gestão atual. Não é só uma questão técnica.

A torcida segue desacreditada, as médias de público e sócios adimplentes despencaram e atingiram em cheio a expectativa de diminuição de sua dívida gigantesca, deixando o círculo vicioso do fracasso ativo.

O que acontece então com o futebol do Coritiba? Quem dá toma as decisões estratégicas e com qual régua ela mede a quantidade de erros e acertos? Qual isenção, respaldo e capacidade analítica desta diretoria em entender realmente a realidade dos fatos dentro do CT da Graciosa?

A impressão que o torcedor tem é que futebol está definhando. Mesmo que lá dentro haja um monte de gente suando sangue diariamente para fazer as coisas darem certo, as notícias vindas lá de dentro mostram uma coleção de decisões equivocadas tomadas por gente que não entende nada de futebol, quiçá de gestão administrativa e humana.

Por óbvio que dificuldades existiriam, mas o clube não consegue se desvencilhar delas. O fracasso tem sido uma constante na vida do Coritiba, mas o problema não é esse. A questão é o fracasso se tornar comum e não mais uma exceção.

Uma boa gestão deveria ser capaz de implementar mudanças em procedimentos, tomar atitudes decisivas e mostrar um comportamento capaz de motivar seus comandados a buscar metas e objetivos de sucesso. Mas no Coritiba é diferente.

Hoje a gestão do clube é capaz de gerar situações bizarras. A principal delas, com influência direta no momento instável do time na temporada, foi a constrangedora decisão de dar a Pachequinho o prazo de um resto de turno para obter resultados bons o suficiente para tirar o time do risco de rebaixamento e mascarar a série de equívocos do departamento de futebol. Tudo isso sem a garantia mínima de continuidade do trabalho. E pior, deixando tudo vir a público.

Onde vai parar o Coritiba se esse processo de queda contínua não cessar? Que expectativa tem o torcedor sobre o trabalho da atual gestão? Como não arrancar os poucos cabelos que restam na já cansada careca alviverde?

A diretoria Alviverde que responda. Não a mim, mas sim ao torcedor coxa-branca.

Eduardo Luiz Klisiewicz é curitibano, jornalista, radialista e empresário.