O escudo do Coritiba nesta reta final de Brasileirão poderia ser trocado por uma foto do inglês-turco Kazim. O time apresenta características muito semelhantes as do seu atacante, contratado e vendido como a solução para a falta de gols e fim da busca por um artilheiro nato. Têm talento (é inegável), já conquistou coisas legais na vida e têm, mas tá numa nhaca desgraçada. Que preguiça, santo Deus do futebol.

Ah, mas o Kazim deu passe para o gol do Veiga e sofreu o pênalti convertido pelo Kléber na vitória contra o Galo, reclama o leitor mais fanático. É, tá certo. Aliás, que bela, convincente e justa vitória. Mas se tivessem feito isso (os gols e mostrado o desempenho deste jogo) o campeonato todo, ambos não seguiriam na vexatória e eterna briga contra o rebaixamento.

As mudanças impostas pelo técnico Carpegiani e o bom futebol mostrado por alguns dos jogadores me fez cometer a insanidade de dizer, algumas colunas atrás, que o Coxa – vencendo dois jogos que estavam por vir e que, aparentemente eram fáceis – brigaria até por uma vaga no G7, que àquela altura poderia virar G7. Imaginem? Um time sair da luta contra a ZR e brigar por uma vaga na Libertadores? Parece coisa de torcedor abilolado. E de fato, naquela hora, me deixei invadir por esse sentimento e arquibancada.

Mas não sou tão (TÃO, friso) tongo assim. O time me deu argumentos para isso. Taticamente era possível desenhar um time, talentos individuais, experiência e juventude bem mescladas, defesa sólida e transição mais rápida. Pontos sendo somados, adversários em pior colocação no caminho, ou seja, bastante subsídio para arriscar aquele palpite.

Só não contava com a preguiça de alguns jogadores, além de outros detalhes inerentes ao mundo do futebol, como excesso de confiança e pé frouxo no acelerador da boa fase. O desempenho caiu, a provável salvação transformou-se novamente numa árdua batalha e está aí a realidade. Mais uma vez (ou não?) o Coritiba vai lutar até o fim para não cair.

Não é de hoje que o turco Kazim joga em marcha lenta. Como ninguém do clube veio à público explicar uma eventual fadiga muscular ou um indesejado problema familiar, o atacante via de regra se arrasta em campo. Parece correr com dois sacos de arroz amarrados em cada perna. O pique é fraco, embora ele seja um cavalo de forte. Tem usado essa força muito pouco perto de todo o potencial que ela lhe dá.

Mesmo assim, sou obrigado a dizer, ele te uma importância muito grande para o time. Se desse aqueles dois pontinhos a mais de dedicação numa corrida, numa disputa de bola ou meio segundo a mais de concentração no arremate, certamente a sorte do Coritiba seria outra. Claro que tudo isso não passa de suposição, mas na relação potencial x entrega, Kazim está devendo. Parece mesmo com preguiça. Se o esforço que ele tem para falar em português fosse convertido em bola, a Série B ficaria só na história deste Brasileirão.

Ao Coritiba resta somar. Somar esforços, objetivos, metas e pontos, pelo menos mais uns cinco ou seis, para novamente soltar aquele GRAÇAS A DEUS em dezembro. Ao torcedor resta mesmo rezar e torcer para que esse Graças a Deus de todos os anos se transforme, quem sabe um dia, em TÂMO NA LIBERTADORES e num utópico É CAMPEÃO PORRA num futuro ainda bem distante.

Eduardo Luiz Klisiewicz é curitibano, jornalista, radialista e empresário.