A fama de curitibano não falar com estranhos cai por água abaixo entre aqueles que têm cachorros. Basta um passeio com os pets para conhecer a simpatia deste povo. Faça sol ou faça chuva ou até mesmo o frio das noites de inverno, nós donos de cães estamos firmes e fortes. Muitos até três vezes ao dia. Numa pausa e outra do passeio com os nossos melhores amigos, nada melhor do que quebrar o gelo e puxar uma conversa.

Após nove anos na cidade, eu me rendi a uma poodle. Há três anos na minha vida, a Bebel é a grande responsável por eu ser conhecida nas ruas do Alto da XV. A aproximação entre os cães é natural e o papo entre os donos, inevitável. Entre “um gracinha”, “quantos anos tem”, a caminhada segue com várias agradáveis interrupções.


Um episódio recente me fez aproximar ainda mais da vizinhança. Um vira-lata resolveu morar em frente ao meu prédio. Ganhou comida, coberta e até mesmo uma casinha de cachorro. Os cuidados com o bicho envolveram até mesmo aqueles com fama de antipáticos. O Pingo, de porte médio, marrom e de manchas brancas, logo foi adotado pelo porteiro. Hoje é impossível passear com a Bebel e não dar uma paradinha para saber com o Seu Rogério como ele está.

Não é à toa, que a companhia dos cães é recomendada como uma alternativa contra a solidão. A convivência com eles, além de ser extremamente positiva, nos aproxima das outras pessoas. A amizade, entre nós humanos e cachorros, tão histórica e reconhecida como incondicional, cria oportunidades de nos relacionar e criar laços com quem muitas vezes não teríamos a menor afinidade.

Prova disto é o Parcão, no Centro Cívico. Atrás das curvas do Niemeyer, o local virou point canino. O território ali é deles. Ficam soltos, enquanto seus donos os observam. E não foi logo ali que encontrei a Priscila. Depois de cinco anos na empresa, trabalhamos no mesmo andar e nunca passamos de um olá, tudo bem… Mas lá foi diferente. Ela com seu casal de schnauzer e eu com a minha poodle tivemos a oportunidade de conversar e descobrir qe somos apaixonados por cães. Conversa não faltou. E o encontro de corredor agora rende.
Por estas e outras que volta e meia alguém me acena no mercado. Humm, quem é mesmo este senhor? O nome eu não lembro. Mas com certeza é o dono da Lady.
Texto publicado na Coluna Pet – Revista Viver – Agosto de 2011