
As HQs, ou histórias em quadrinhos, são narrativas contadas por meio de imagens e textos dispostos em uma sequência de quadros. As histórias podem narrar aventuras, romances, embates entre super-heróis e vilões e, inclusive, falar sobre ciência e os seus processos. A junção de recursos de imagem e texto de forma lúdica gera um formato de linguagem em que é possível passar uma mensagem por meio de uma história e, até mesmo, levar essa informação a mais pessoas, principalmente ao público infanto-juvenil.
Foi com o objetivo de inovar na comunicação dos resultados obtidos, que a equipe do Periferia Sem Risco da Universidade Federal do Paraná (UFPR), por meio do Laboratório de Geoprocessamento e Estudos Ambientais, recorreu ao formato das histórias em quadrinhos. O projeto, que tem o objetivo de elaborar Planos Municipais de Redução de Riscos (PMRRs) para as cidades de Paranaguá e Colombo (ambas no Paraná), lançou a cartilha “Periferia sem risco em quadrinhos”, um produto educacional e informativo que explica a etapa 2 do PMMR: o Mapeamento Técnico.
A etapa do Mapeamento Técnico foi realizada pela equipe do Laboratório ao lado da comunidade local e dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Durante essa fase, os territórios estudados foram mapeados com o uso de drones e, em seguida, percorridos pelos integrantes do projeto para ouvir relatos dos moradores e identificar os riscos. Dessa forma, com as informações coletadas, podem, assim, avançar na busca por soluções para mitigar esses riscos.
Periferia sem riscos em quadrinhos
Ana Paula Lourenço, que é gestora ambiental e integra o projeto, afirma que, normalmente, esses materiais são produzidos no formato de cartilhas mais tradicionais. Então, com o objetivo de buscar algo mais atrativo e acessível para a população que vive em áreas de risco, a equipe optou pelo formato de história em quadrinhos. “A HQ permite uma abordagem dinâmica e acessível, alcançando diferentes públicos – crianças, adolescentes e adultos,” complementa ela.
Somado a isso, Ana Paula explica que essa HQ é um produto do relatório 3 do Periferia Sem Risco – UFPR. Ele será apresentado oficialmente para a população dos territórios durante a audiência pública que finaliza o projeto, prevista para setembro de 2025. Até o momento, o material está sendo divulgado pelas redes sociais do projeto e por meio de grupos de WhatsApp, porém, ela afirma que, futuramente, pretendem imprimir exemplares para a distribuição.
A responsável pela criação e design da história em quadrinhos foi Ana Vitória Dureck, que integra a equipe de comunicação do Lageamb UFPR. Ela relata que, para a produção da cartilha, a equipe estava em busca de uma abordagem que não apenas informasse, mas também conectasse o público ao projeto. “Percebemos que o formato de história em quadrinhos poderia tornar a comunicação mais envolvente, especialmente para públicos que podem ter menos familiaridade com textos técnicos.”
O processo criativo começou com uma pesquisa sobre cartilhas desenvolvidas em outros PMRRs, para entender quais abordagens já haviam sido utilizadas. Além disso, Ana Vitória conta que se reuniu com a equipe para definir a persona que guiaria a narrativa e garantir que o material transmitisse os valores do projeto de forma clara. “Maria, a personagem principal, foi criada para ser uma mediadora entre o público e o conteúdo técnico,” relatou ela. Confira a cartilha aqui
O projeto Periferia sem riscos UFPR
Em meio a um cenário de emergência climática e aumento de eventos extremos, é importante que haja projetos voltados para o mapeamento de riscos socioambientais. Nesse âmbito, a UFPR, por meio do Lageamb, iniciou o projeto de extensão e pesquisa Periferia Sem Risco. A iniciativa faz parte do Projeto Multicêntrico de Pesquisa-Ação e Inovação – uma rede de grupos de pesquisa e laboratórios focados na elaboração de PMMRs. No Paraná, a convite da Secretaria Nacional de Periferias (SNP) do Ministério das Cidades (MCid), estão sendo elaborados os planos para os municípios de Colombo e Paranaguá.
Para Koiti Takiguti, que integra o Comitê Gestor do PMMR de Paranaguá e é Ex-Secretário Municipal de Urbanismo no município, o trabalho executado por meio do projeto Periferia Sem Risco é de grande importância. Ele estima que, em Paranaguá, cerca de 8 mil famílias vivem em comunidades periféricas consideradas em situação de risco. Segundo Koiti, a fase atual do projeto visa “buscar algumas formas, soluções, propostas de obras ou ações que possam mitigar os riscos existentes”. Somado a isso, ele espera que a parceria traga melhorias para essas comunidades periféricas, o que acredita que acabará refletindo para o restante da cidade.
Robério Marcolino Filho, que integra o Comitê Gestor do PMMR de Colombo, e é Coordenador de Fiscalização Ambiental da Prefeitura de Colombo, aponta que todas as fases do trabalho foram executadas com primazia e muita competência pelo Lageamb UFPR. “Essa parceria enaltece, a necessidade da Universidade sair de seus portões e seguir em direção a locais onde as coisas acontecem, ou seja, o município”. Além disso, ele aponta para a importância da proposta: “Quanto mais as cidades crescem, mais complexas são as soluções necessárias para as situações de risco. Assim, sistematizar dados e procedimentos se torna impreterível para que se faça a gestão mais adequada do território. E esses são pilares do Projeto da Periferia Sem Risco, que irão nortear ações baseadas na técnica coletando os dados empíricos existente”, destaca o Coordenador de Fiscalização Ambiental.
A parceria foi firmada ainda em 2023 e iniciou em abril de 2024, com duração prevista até setembro deste ano. Conta com a gestão financeira da Fundação de Apoio à Fiocruz (Fiotec) e o apoio do Instituto Federal do Paraná (IFPR-Campus Paranaguá), do Centro de Apoio Científico em Desastres (CENACID/UFPR) e do Grupo de Estudos em Geotecnia (GEGEO/UFPR), além das prefeituras municipais e organizações interessadas dos municípios atendidos.
Quadrinhos e ciência
As histórias em quadrinhos, além de entreter, podem informar, sendo um recurso de popularização da ciência e possibilitando o diálogo com diferentes públicos. Um exemplo disso foram as HQs criadas pela Agência Escola UFPR em 2020. Com o objetivo de divulgar ciência, as narrativas abordaram temas como o excesso de telas, a água e a pandemia. Confira: https://agenciaescola.ufpr.br/divulgacao-cientifica-em-historia-em-quadrinho/.