Não é mais novidade que a CBF enfiou os pés pelas mãos e deixou um mico nas mãos dos clubes que disputam a Copa do Brasil e conseguiram qualificação para a Copa Sul-Americana através do Brasileirão, casos de Atlético e Chapecoense, que se enfrentam essa noite na Arena. A novidade é a transparência de alguns (poucos) clubes ao lidar com a situação. Foi o que fez o Sport Recife: anunciou que tinha como prioridade a competição internacional e mandou um time sub-20 enfrentar o Aparecidense, de Goiás, e os meninos não conseguiram surpreender. Os pernambucanos já estão na Sula, esperando a definição regional. Décimo colocado no Brasileirão 2015, o Furacão terá vaga garantida se cair na Copa nacional diante da Chape. Não se pronunciou oficialmente a respeito, mas…

A declaração de Sallim
Há alguns dias, o presidente rubro-negro Luiz Sallim Emed disse que gosta mais da Copa do Brasil. É um direito dele achar a competição nacional mais charmosa. Tecnicamente, há dúvidas sobre o que é melhor: uma competição nacional, com duelos que os clubes já estão acostumados a fazer, com viagens mais simples, mas com adversários teoricamente mais fortes – como os brasileiros que disputaram a Libertadores – ou a copa internacional, com o charme da América Latina e clubes de menor força, como Bloming, Belgrano, Aucas e Sol de América, porém com viagens mais desgastantes e ambiente mais hostil. Pela escalação que se desenha do Atlético para a noite desta quinta, o Furacão irá tentar chegar a mais uma decisão de Copa do Brasil. Foi vice em 2013, enquanto que pela Sul-Americana chegou ao terceiro lugar em 2006.

Transparência é o contragolpe
Parece pouco, mas uma declaração similar ao que fez o Sport ajudaria e muito no combate a essa ineficiência da CBF. Vejamos: a Chapecoense também pode se qualificar para a Sul-Americana se perder. O Verdão irá a Curitiba com um time misto. Embora o paranaense Caio Júnior tenha dado entrevistas declarando que a Copa do Brasil é a melhor chance da Chape conquistar um título nacional, a verdade é que poupar na Baixada é um sinal de desinteresse. E nem precisa ser em prol da Sula: a Chape está em perigo no Brasileirão e terá um final de primeiro turno complicado. A prioridade mesmo é a não cair. Então, soubéssemos oficialmente de que Atlético e Chapecoense tem metas distintas, forçadas pelo calendário mal planejado da CBF, e os resultados seriam analisados de outra forma. Além disso, o mico voltaria para a confederação, que desvaloriza a própria competição.

E o Coxa?
Com o Coritiba é diferente. Ao cair ante o Juventude, o Coxa se habilitou para uma das vagas da Sul-Americana. Só que o 15º lugar de 2015 o faz depender de outros para ganhar esse prêmio de consolação. Precisa torcer por três classificações de equipes entre Santos (contra o Gama-DF), Cruzeiro (venceu a 1ª contra o Vitória), Atlético ou Chape (tanto faz e um entrará), Ponte Preta (vs. Figueirense), Santa Cruz (vs. Vasco) ou Fluminense (vs. Ypiranga-RS) para entrar. Viável, porém nada planejado. Serão dias de calculadora na mão e esperança de um torneio bônus, rentável e atalho para a Libertadores, além de um título internacional. Isso, claro, se o time puder brigar pela competição sem estar ameaçado no Brasileirão.

Napoleão de Almeida é narrador esportivo e jornalista especializado em gestão