O solo de Conde Baltazar.

Minha mãe se chama Eva Gunilla. Minhas avós eram Otávia, Ella Noemi e Dagmar. Minhas bisavós, Ester Lovissa, Rosa, Isabel, Carolina. Pra cima não sei.

Volta e meia penso nessa árvore genético-afetiva e em como seria meu relacionamento com aquelas mulheres que não conheci, mas de quem tenho pedaços. Como era a vida delas?

As mulheres que Janaína Matter enumera em seu solo “Mulher, como você se chama?”, da série “Habitat” (Súbita Cia.) são, algumas, de sua árvore pessoal. Outras são mulheres que entraram para a história pela porta dos fundos: não são celebradas em livros escolares, mas surgem em uma boa pesquisa.

Desejo saber como elas viviam, mas provavelmente me iludo num ideário bucólico por assistir “Os Pioneiros” demais.

Ao pensar nelas, como não documentar a própria vida?

Será que perdemos tempo vivendo e esquecemos de deixar nosso rastro?

Meu tio sofre por se imaginar esquecido. Calcula o número de anos e sofre.

Já eu sei que somos eternos, e não só no sentido judaico, que vê herança na descendência.

Então prefiro pensar para trás, nessa ancestralidade do amor.

A arte faz pensar em tudo isso. O material proposto pelos cinco artistas de “O Habitat” deixa rastros pessoais, transformados pela arte numa outra coisa.

Melhor assim, para que seus descendentes genéticos e afetivos possam arqueologizar essa experiência quem um dia esteve viva no palco.

Saberão que eles viveram.