O presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/PR), desembargador Clotário Portugal de Macedo Neto rebateu ontem as declarações do governador reeleito, Roberto Requião (PMDB), que levantou suspeitas sobre o sistema eletrônico de votação e apuração. Antes do início da sessão da Côrte do TRE, Clotário fez pesadas críticas ao governador e assumiu inteira responsabilidade por suas palavras, isentando os demais funcionários do Tribunal.

Ao final das declarações, todos os juízes – membros da Corte – declararam apoio ao presidente. “Não podia silenciar sobre o pronunciamento do governador. Este tribunal tem como testemunha os advogados que todos os dias estiveram aqui todos os dias e sabem que agimos com independência e transparência. Jamais admitiria que pudesse haver qualquer mácula neste processo eleitoral tão trabalhoso, que envolve juízes e funcionários. O comportamento do governador pôs em dúvida o resultado da eleição. Esta amargura era totalmente dispensável. Infelizmente isso aconteceu”.

Clotário lembrou que o candidato derrotado – senador Osmar Dias (PDT) – , em momento algum, questionou o resultado das urnas. “Quem perdeu elogiou o Tribunal. O governador esteve em meu gabinete por mais de uma hora e se dispos a agir com elegância até o final da eleição. Ficamos muito amargurados. O Paraná é o único Estado onde se colocaram dúvidas sobre o pleito.  Este deveria ser um momento de elogios pelo trabalho que foi feito”.

Em nota, peemedebista recua
O governador reeleito, Roberto Requião (PMDB) emitiu nota de esclarecimento na tarde de ontem, na tentiva de justificar suas declarações sobre a lisura da eleição. O peemedebista alega que “em nenhum momento, fez reparos à atuação do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná na condução e apuração das eleições neste segundo turno”. Requião garante que teria feito “observações sobre a segurança do voto eletrônico”.

No último domigo, logo após o anuncio oficial do resultado, Requião, em entrevista a emissoras de rádio e televisão, afirmou que poderia ter havido manipulação nas urnas. “Sempre fui um questionador desse sistema. Não estou afirmando que houve manipulação de urnas. Mas não descarto essa hipótese. Pesquisas científicas sérias sérias me davam maior vantagem. Nunca se viu diferença tão grande entre pesquisas e resultado. Essa eleição tem que ser estudada por especialistas”, disparou o peemedebista referindo-se aos números divulgados pelo Ibope na pesquisa de boca de urna. De acordo com o instituto, Requião venceria com uma vantegem de seis pontos percentuais. No final da contagem, o resultado das urnas contrastava com os números do instituto. Requião acabou reeleito com 0,1% de vantagem sobre Osmar Dias (PDT), ou seja, pouco mais de 10 mil votos, em um universo de 7,1 milhões de eleitores.

Em entrevista coletiva na tarde da última segunda-feira, Osmar Dias revelou que teria informações de que na semana que antecedeu a eleição, um representante do Ibope esteve por duas vezes na residência oficial do governador – Granja Canguiri – em visita ao adversário.