Desde que começou, em 2004, o crédito consignado para aposentados e pensionistas da Previdência Social gera polêmica. Tanto que de lá para cá o sistema tem sido moldado para evitar que os segurados sejam ainda mais vítimas. Diante das baixas pensões pagas pelo governo, seria hipocrisia afirmar que o empréstimo consignado não ajuda. Ajuda, sim. Mas também pode, de certa maneira, “escravizar” o aposentado, que é presa fácil para um sistema financeiro tão ávido de clientes que peguem empréstimos e paguem juros. Os números desta modalidade são impressionantes. Reportagem publicada na edição de hoje mostra que somente os segurados do INSS paranaenses emprestam por mês, em média, R$ 36,696 milhões na modalidade consignada com desconto em folha de pagamento. Os números colossais não param por aí. Por dia, 819 segurados paranaenses recorrem aos polêmicos empréstimos. Os dados foram obtidos com o cruzamento de informações que constam no relatório mensal divulgado pela Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev). Claro, trata-se de um grande negócio para as financiadoras — afinal, o pagamento é certo. Entre prós e contras, a verdade é que os números só reforçam que o que os pensionistas e aposentados ganham é insuficiente e reforça a miséria deste Brasil. Miséria esta que, ironicamente, é moeda de ouro nas mãos de outros.