BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente da Funai, o general da reserva do Exército Franklimberg Ribeiro de Freitas, anunciou nesta terça (11), em Brasília, sua saída do cargo.


Ele disse a servidores, reunidos a seu pedido no auditório do órgão, que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) está sendo mal assessorado na questão indígena.


Apontou a influência negativa do ruralista e secretário especial de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, Nabhan Garcia, que, segundo ele, “saliva ódio aos indígenas”.


“Quem assessora o senhor presidente não tem conhecimento de como funciona o arcabouço jurídico que envolve a Fundação Nacional do Índio”, disse Franklimberg.


O general afirmou ainda que Nabhan “queria acabar” com o DPT (Departamento de Proteção Territorial da Funai, responsável pela proteção e demarcação de terras indígenas).


Ele disse que a Funai é vista “como óbice ao desenvolvimento nacional” por integrantes do governo no tema do licenciamento ambiental. O general defendeu a revisão do arcabouço jurídico que conduz a política indigenista, a fim de eliminar “contradições” entre leis e regramentos.


Franklimberg admitiu ainda que o orçamento da Funai “é muito pequeno para o atendimento das demandas dos indígenas” e que há déficit de pessoal.


Ele disse aos servidores que sua exoneração deverá ser publicada na edição do Diário Oficial desta quarta (12). O cargo será ocupado interinamente por outro militar do Exército até a definição do novo presidente.


“Me sinto tranquilo, porque da primeira vez que eu entrei na Funai [2017-2018] eu entrei e saí pela porta da frente. Desta vez estou entrando e novamente saindo pela frente”, afirmou.


A primeira queda de Franklimberg na Funai se deu no governo de Michel Temer, quando ele entrou em atrito com parlamentares que pretendiam alterar processos de demarcação de terras indígenas.


Procurado pela reportagem, Nabhan Garcia não se manifestou até a conclusão deste texto.