Pexels Cottonbro – É natural nos sentirmos impotentes diante do desconhecido. E o que é a vida? Um roteiro pronto?

Sinceramente não consegui detectar nenhuma vantagem no medo. O medo como sensação de alerta, a reação primitiva de sinal de perigo é quase um implante biológico. A carga de cortisol, o hormônio produzido em situações de estresse nos níveis adequados é a maneira como o corpo manifesta, mas o fato é que sobrecarregamos a produção dessa substância com os medos fabricados

A morte, a fome, a pobreza, a solidão e a doença são os medos mais descritos pelas pessoas, numa reprodução quase involuntária daquilo que se é dito sempre, como uma forma subliminar de manter grande parte da humanidade nos escombros das suas emoções.

É natural nos sentirmos impotentes diante do desconhecido. E o que é a vida? Um roteiro pronto? Buscamos um certificado de garantia e compromisso de satisfação ao que não podemos controlar? São provocações para que você saia desse “estado google”, onde há respostas automáticas para tudo e você não cria nada a partir de si próprio. Da observação e da experiência, apenas se alimenta do fast-food para o cérebro.

“Pé atrás” – Renata acredita que um “pé atrás” antes de se envolver emocionalmente com alguém, vai lhe garantir ou apenas prevenir da possibilidade de frustração em um relacionamento com um par. Então faço a pergunta: quantas vezes você teve uma relação na qual alguém lhe assegurou tudo o que você precisa? Quando foi mesmo que você amou sem riscos?”. Ah, sem contar que também você pode garantir tudo para outrem, não é mesmo?

São as chamadas justificativas e mentiras que contamos a nós, a fim de supostamente blindar o amor. E como diz Coríntios 13:4-7, “ o amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” – onde está a disponibilidade e vulnerabilidade?

Ninguém aqui está disposto, essa é a verdade. Nossas experiências e traumas nos congelam ou criam muros, paredes e toda ordem de obstáculos, a fim de manter esse anteparo. Você pode até achar que é proteção, mas é reação. Reage a um medo imaginário com base no que já foi vivido e o próximo passo é a projeção. A qualquer sinal de proximidade, sintonia e desejo, promove inconscientemente como aquela pessoa vai ser e aí recai na própria armadilha, a de se frustrar.

Com esse ciclo repetitivo, Renata passou a prestar atenção nela (e sempre está em si mesmo), os sentimentos, as ações, as palavras que ela mesma repetia, com verniz de novo. O tal “pé atrás” não se trata de como vai se posicionar com o outro, perceba, é como faz de novo, consigo mesmo.

Ou seja, o looping de Renata foi o comportamento adquirido de medos projetados. Se encontrar uma aranha marrom no par de sapatos preferidos uma vez, não significa que vai encontrá-los sempre ou deixar de usar os calçados. Provavelmente, vai tomar providências conscientes para que não se repita, seja com uma limpeza e dedetização do local,  higienização dos próprios sapatos e uma olhadinha mais prudente, uma vez que não se controla o percurso da aranha. Uma coisa é ter o cuidado, outra é achar que estar em vigilância contínua você está livre do risco. O medo pode ser simplesmente uma notificação de que se requer cuidado, mas a isso dou nome de intuição!

*Ronise Vilela é criativa de Comunicação Afetiva e Psicanalista Integrativa. Atende pacientes on-line e presencial com terapia que inclui escuta ativa, respiração consciente, Escrita Afetiva e meditação fácil.

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Essa coluna tem o apoio da Consonare – maior plataforma de Terapias Integrativas da América Latina.