Com o projeto de um absorvente interno sustentável para mulheres em situação de rua, a universitária curitibana Rafaella de Bona Gonçalves conquistou uma das mais importantes premiações internacionais de design. A ideia é produzir o absorvente a partir de fibra de banana.

O projeto de Rafaella foi o único brasileiro que recebeu o prêmio alemão “iF Design Talent Award”, na edição deste ano, de acordo com o Centro Brasil Design, que é o escritório de representação no Brasil.

Rafaella tem 22 anos é aluna do 3º ano de design de produto da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Em paralelo, decidiu fazer um curso de especialização em design voltado para soluções de impacto para o futuro.

O “Maria – absorvente íntimo” foi o trabalho de conclusão do curso, apresentado em julho. O objetivo era pensar em projetos para acabar com a pobreza.

O projeto, desenvolvido em quatro meses pela estudante, é um absorvente interno que se adapta às condições das moradoras de rua. Ele será produzido com fibra de banana, que é um material biodegradável. O propósito de Rafaella é que o absorvente seja distribuído pelo governo.

Rafaella fez uma pesquisa e encontrou uma empresa que faz absorvente com fibra de banana na Índia. O absorvente projetado por Rafaella é um rolo. Para usá-lo, a mulher retira um pedaço do rolo de acordo com o fluxo e a necessidade.

Então, desdobra-se a aba que, após o uso, vai auxiliar a retirar o absorvente. Depois de desdobrar a aba, o pedaço do rolo é enrolado e fica pronto para ser usado.

Por enquanto, o “Maria – absorvente íntimo” é um projeto. Rafaella ainda não tem previsão de quando o protótipo ficará pronto, nem uma expectativa de quanto seria o custo de um rolo. “Ainda não tenho ideia, dependeria da escala que o produto atingisse”, explicou.

Rafaella já fez testes do formato do absorvente, mas usando outro tipo de material, um tecido, para verificar a eficácia do produto. Ela acredita no êxito do projeto porque, além do teste com o formato ter sido positivo, a fibra de banana já é usada para a funcionalidade proposta pela jovem.

O prêmio

O prêmio alemão “iF Design Talent Award” teve 192 projetos inscritos em 2019, segundo o Centro Brasil Design.

Ao todo, 91 projetos foram premiados. Dos 13 projetos brasileiros inscritos, o da Rafella foi o único premiado.

A universitária concorreu na categoria estudante, que tinha como tema um dos17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)da Organização das Nações Unidas (ONU). Todos os anos, o iF Design Talent Award tem temas específicos.

O tema escolhido por Rafaella é o primeiro da lista dos 17 ODS: “acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares”.

“Na categoria estudante, foram cerca de quatro mil projetos inscritos. Cinquenta e dois foram selecionados, e eu era a única brasileira” contou.

Rafaella ficou sabendo no dia 20 de setembro que levou o prêmio.