Fabio Pozzebom/Agência Brasil

Durante o seu discurso na Avenida Paulista, nesta terça (7), o presidente Jair Bolsonaro fez ataques novamente ao Poder Judiciário e especialmente ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Disse que não vai mais admitir ordens do ministro, que comanda o inquérito dos atos antidemocráticos e das fake news.

“Não vamos mais admitir que pessoas como Alexandre de Moraes continuem a açoitar a nossa democracia e desrespeitar a nossa Constituição Federal. Ele teve todas as oportunidades para agir com respeito a todos nós, mas não agiu dessa maneira como continua a não agir”, afirmou o presidente.

Já no fim de seu discurso na Avenida Paulista, em São Paulo, Bolsonaro voltou a falar de reeleição e disse que só deixa o cargo se for a vontade de Deus. Aos apoiadores, afirmou: “Nesse momento, eu quero mais uma vez agradecer a todos vocês. Agradecer a Deus, pela minha vida e pela missão, e dizer aqueles que querem me tornar inelegível em Brasília que só Deus me tira de lá.”

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Em seguida, o presidente afirma que há três opções para o seu futuro político. Disse que pode ser “preso, morto ou sair com a vitória”. E completou na sequência: “Quero dizer aos canalhas que eu nunca serei preso.”

Em Brasília

Em discurso para manifestantes pró-governo, mais cedo em hoje, em Brasília (DF), Bolsonaro também ameaçou o Supremo Tribunal Federal (STF), e disse que não aceitará mais medidas ou sentenças judiciais que, segundo ele, estejam “fora das quatro linhas da Constituição”. Bolsonaro chegou a cobrar o presidente do STF, ministro Luiz Fux, para que ele “enquadre” o ministro Alexandre de Moraes, afirmando que caso isso não seja feito “esse poder pode sofrer aquilo que não queremos”.

“Nós não mais aceitaremos que qualquer autoridade, usando a força do poder, passe por cima da nossa Constituição. Não aceitaremos qualquer medida, qualquer ação ou qualquer sentença que venha fora das quatro linhas da Constituição”, disse o presidente, em fala transmitida nas suas redes sociais.

“Nós também não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos Très Poderes continue barbarizando a nossa população. Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil. Ou o chefe desse Poder enquadra o seu, ou esse Poder pode sofrer aquilo que nós não queremos. Porque nós valorizamos, reconhecemos o valor de cada Poder da República”, afirmou ele, se referindo a Moraes e a Fux.

“Nós todos aqui, na praça dos Três Poderes, juramos respeitar a nossa Constituição. Quem age fora dela se enquadra ou pede para sair”, disse o presidente.

Bolsonarou afirmou ainda que Moraes “perdeu as condições mínimas de continuar dentro daquele tribunal”. Ele negou defender uma “ruptura” política. “Nós todos aqui, sem exceção, somos aqueles que dirão para onde o Brasil deverá ir. Temos em nossa bandeira escrito ‘ordem e progresso’. É isso que nós queremos, não queremos ruptura, não queremos brigar com poder nenhum. Mas não podemos admitir que uma pessoa turve a nossa democracia. Não podemos admitir que uma pessoa coloque em risco a nossa liberdade”, afirmou Bolsonaro. Nesse momento, os manifestantes gritaram “Fora Alexandre”.

Bolsonaro disse ainda que as manifestações de hoje são um “ultimato” aos outros poderes. “É um ultimato para todos os que estão na praça dos Três Poderes, inclusive eu presidente da República. Para onde devemos ir”.