Fotos: Pinterest/Reprodução – Nina Simone teve várias fases

Estava mexendo em fotos antigas e comecei a prestar atenção na moda que minha mãe vestia nos anos 1960, 1970. Não era só outra tendência, a estética era outra, assim como a percepção do próprio corpo, a noção de costura, de caimento, dos tecidos. Ela sempre aparece bem vestida, bem produzida e, detalhe, com roupas que ela mesma fez ou minha avó.

Ela não vai me deixar publicar uma foto dela aqui, mas, quase todas as outras fotos que você encontrar desse período terão o mesmo espírito. O que será que mudou de lá para cá? Porque acesso à informação temos mais agora que antes, há roupas prontas hoje, os materiais se desenvolveram, há moda para gostos e bolsos em todo lugar e, ainda assim, estamos mais inseguros, menos atrevidos e muito mais adaptados aos padrões.

Não acho que estejamos mais naturais. Fazemos muito esforço para isso. Ainda que o figurino eleito seja uma calça jeans e uma camiseta branca básica, imploramos por validação.

Acho que a chave disso está na cultura de moda e no autoconhecimento. Como as pessoas costuravam ou tinham de mandar fazer roupas, sabiam melhor sobre o seu corpo, e o que funcionava no seu dia a dia. E quando apareciam revistas, catálogos ou artistas vestindo algo diferente, elegiam os modelos preferidos e faziam suas adaptações. As influencers de hoje são nada perto das fashionistas de antigamente. Os artistas também. Saudades de David Bowie, Nina Simone, Aretha Franklin, Jane Birkin, Jackie O.

Jackie O é sinônimo de elegância até hoje. O jeito que ela usava roupas clássicas misturadas a elementos de estilo era incrível! 

A foto é dos anos 1970, mas a fórmula permanece atual, com a calça de boca larga e camisa romântica

A versão de Tarantino para Sharon Tate, com look setentinha, em Era uma vez em… Hollywood

A era das musas e a contracultura dos anos 1960 foram a inspiração para o figurino de O Gambito da Rainha