Nenhum zagueiro foi tão importante para o Athletico Paranaense como Thiago Heleno. Nenhum conseguiu jogar por tanto tempo em alto nível e, ao mesmo tempo, participar de conquistas nacionais e internacionais pelo clube. Para completar, foi um dos protagonistas em quase todos esses troféus.
O Athletico já teve zagueiros com técnica exuberante, como Alfredo Gottardi Júnior, o filho do Caju, que brilhou com a camisa do Furacão de 1963 a 1979.
E teve zagueiros “casados” com o clube, totalmente dedicados ao Furacão, como Nilo Biazzetto, capitão do espetacular time de 1949.
Há ainda Adilson Batista, talvez o melhor e mais completo zagueiro que já passou pelo Athletico. Nesse caso, porém, o jogador viveu seus melhores momentos em outros clubes (Cruzeiro e Grêmio).
Mesmo assim, nenhum dos três conseguiu tantos títulos de alto nível como Thiago Heleno.
Os campeões
Os zagueiros do título de 2001 – Gustavo Caiche, Nem, Igor e Rogério Corrêa – foram importantíssimos na história do clube, mas não conseguiram o mesmo impacto que Thiago Heleno. Alguns não mantiveram a regularidade ou não permaneceram por muito tempo no clube.
Marinho e Marcão
É preciso ainda citar o desempenho de Marinho e Marcão em 2004. Ambos atuaram em nível compatível com a seleção brasileira, com a Premier League.
Marinho, aliás, é o único zagueiro que eu vi ser aplaudido e ter o nome gritado pela torcida por sua atuação defensiva. Normalmente, eles só ganham essas homenagens quando marcam gols. No entanto, Marinho conquistou esse momento épico em 2004, quando colocou Robinho no bolso, em partida na Arena da Baixada, pelo Brasileirão. Na época, o novato do Santos era o melhor jogador em atividade no Brasil, empatado com Dagoberto. Os dois só eram parados com faltas. Contudo, Marinho conseguiu anular o fenomenal atacante naquela noite.
Mesmo assim, Marinho fica distante na comparação com Thiago Heleno por ter atuado apenas por uma temporada no Athletico. E não ter conquistado títulos.
Mas, porém, contudo, todavia…
Thiago Heleno foi importante, mas perdeu a capacidade de jogar em alto nível. Desde o segundo semestre de 2022, vem jogando em nível bom ou razoável. Não mais em alto nível. E, em alguns lances, cometendo falhas incompatíveis com sua qualidade técnica. A impressão é que o corpo do atleta, aos 34 anos, já não responde a certos movimentos.
O zagueiro ainda pode ajudar o Athletico, com sua liderança e com sua qualidade na saída de bola, nos lançamentos. No entanto, o clube vai precisar estar preparado para essas falhas defensivas, cada vez mais frequentes.
Silvio Rauth Filho, 48 anos, é jornalista, editor de Esportes do Bem Paraná
