Menino com síndrome de Down segura na altura do peito uma máquina fotográfica.
Foto: Divulgação/Eco Medical Center

Em celebração ao Dia Mundial de Conscientização Sobre o Autismo, no dia 02 de abril, jovens com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Síndrome de Down, terão uma aula prática especial no dia 5 de abril, no Eco Medical Center, em Curitiba.

Os alunos do curso de Gastronomia e Mídias, da Somos Todos Brasuca Educacional, irão praticar o que aprenderam nas aulas teóricas de fotografia, um dos módulos do curso. O objetivo da aula em público é, além da prática dos alunos, conscientizar sobre a inserção dos jovens PcD na sociedade.

O CEO do Eco Medical Center, Patrick Gil, diz que a escolha do local se deve ao fato de que o Centro Médico prioriza a inclusão desde a sua criação. “Além disso, o local é completamente acessível e propício, pois oferece vistas panorâmicas da cidade e da Serra do Mar e sempre apresentou interesse e suporte a projetos nesta linha”, destaca.

Os alunos poderão explorar e fotografar os ambientes, os colaboradores e os pacientes de forma espontânea ou posada, já que será montado um pequeno estúdio na recepção do prédio. A aula é uma das preparações que os jovens estão recebendo, para que possam ser inseridos no mercado de trabalho. Participam do curso 18 jovens, todos acima dos 18 anos e em busca de desenvolvimento.

Exemplos reais
Alguns alunos já mostraram talento e até já fizeram estágios e vendas de forma profissional. Carolina Ruaro de Paula, 28 anos, a “Cacá” (foto), tem Síndrome de Down. Ela leva uma vida ativa, faz teatro, dança, pilates e o curso de Gastronomia e Fotografia. Sociável e comunicativa, está cheia de planos para o futuro e sonha em ser fotógrafa profissional. Tanto que, em 2022, fez estágio num estúdio que faz fotos para revistas e campanhas publicitárias de produtos de beleza. Também já fotografou eventos corporativos, eventos familiares, chás de bebê, casamentos e aniversários. Além de fotografia, ela também faz o curso de auxiliar em Publicidade e Propaganda.

“Todas as pessoas com deficiência têm o direito de estarem inseridas no mercado de trabalho, pois são capazes de desenvolver várias atividades conforme as suas habilidades e capacidades. Temos muitos jovens com Síndrome de Down trabalhando atualmente, mas é claro que poderia ser muito maior a sua inserção se houvesse menos preconceito e receio por parte dos empregadores. Há empresas que se autodeclaram inclusivas, mas nunca contrataram porque não se prepararam para isso. Para poder conhecer o desempenho da pessoa é necessário abrir as portas para ela, conhecê-la, treiná-la e se necessário, buscar apoio de empresas e profissionais que fazem a mediação até a plena inserção nas atividades”, diz a mãe da “Cacá”, a Karina Ruaro de Paula.

A consultora de empregabilidade para jovens especiais e diretora da Somos Todos Brasuca Educacional, Déborah de Araújo Maia, avalia que Carolina pode e consegue se encaixar muito bem no mercado de trabalho. “Ela tem interesse, está apta para estágios e futuras contratações. Ela deseja muito seguir a carreira de fotografia”, conta.

Outra aluna de Deborah e que tem demonstrado muito talento para a gastronomia é Milena Marucco, 25 anos, pessoa com TEA. Jovem alegre e ativa, pratica dança, ginástica e natação e ganhou seu próprio dinheiro na pandemia, vendendo bolos fit junto com sua irmã, que também faz bolos de forma profissional.

Simone Marucco, mãe da Milena, conta que ela sempre gostou muito de gastronomia. E ela acredita que a filha vai seguir profissionalmente esta área, pois Milena sabe de tudo na cozinha, desde os cortes básicos de alimentos, finalização de pratos a servir e arrumar as mesas. Desde que Milena passou a frequentar os cursos profissionalizantes, ela melhorou em 60% as suas habilidades em geral.

“Eu entendo que os empresários podem ter funcionários muito melhores (jovens especiais) do que funcionários ´normais´. Porque os jovens especiais fazem aquilo porque estão com vontade, estão ali motivados e acham o máximo exercer uma função de forma profissional. Eles têm uma capacidade de aprender muito maior do que a gente imagina, são muito dedicados. Se o empresário tiver quem apenas oriente o jovem PcD, ele vai exercer brilhantemente a função”, comenta a mãe de Milena. Ela ainda conta que, além da gastronomia, Milena está mostrando outro talento muito grande: o de fotografar alimentos.

“Nós temos a Caroline Yoshida, que tem Síndrome de Down e exerce um brilhante trabalho na recepção do Eco. Ela enriquece o nosso ambiente de trabalho, traz mais leveza. E nós entendemos que as empresas e seus líderes têm papel fundamental em moldar uma sociedade melhor e mais justa. E aos poucos estamos apoiando e expandindo essa causa”, diz Patrick Gil, CEO do Eco Medical Center.

Outra jovem que estará realizando a aula prática de fotografia é a Rafaela Mayumi Sato de Oliveira, 25 anos, que é atleta de um grande clube de Curitiba e está sempre viajando pelo clube para disputar campeonatos de badminton.

Inclusão profissional

Déborah conta que o curso de Gastronomia e Mídias já existe há dois anos. Mas, em 2024, estão iniciando aulas práticas de fotografia com os alunos, com o objetivo de aumentar a chance de inclusão destes jovens no mercado profissional. Além da fotografia, o curso tem módulos de publicidade e propaganda, tecnologia, movimentação, musicalização, disciplinas da educação básica (história, geografia, literatura, matemática) e gastronomia.

Além de coordenar o curso, Déborah, que é pedagoga, também oferece o trabalho dos jovens para eventos e faz a consultoria de empregabilidade para quem consegue um estágio ou emprego, como a Carol Yoshida, que é recepcionista do Eco Medical Center. “Objetivo sempre é aumentar a chance de inclusão deles no mercado de trabalho”, explica Déborah, mostrando que alguns possuem autonomia de atuarem sozinhos, enquanto outros ainda estão em desenvolvimento. Mas todos, diz ela, têm potencial de crescimento.

A preocupação de Déborah não é à toa. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) revelam que o número de vagas formais para a População com Deficiência (PcD) registrou um crescimento de 1.666 postos de trabalho no ano de 2023, em todo o Brasil. Já o Paraná ficou com saldo negativo de 136 vagas no ano passado (diferença entre contratações e demissões). São números que ainda precisam ser observados com mais atenção pelos empresários, que podem ajudar na inclusão desse público oferecendo desde estágios de uma a três horas por dia, como cargos de mais responsabilidade.

Serviço
Ação:
aula prática de fotografia para jovens PcD (autismo e Síndrome de Down), com foco na empregabilidade dos jovens
Data: 05/04/2024 (sexta-feira) – 14h30 às 16h30
Local: Eco Medical Center – Rua Goiás, 70 – bairro Água Verde, Curitiba