Fui ao super agora cedo. Tinha tudo que eu queria. Tinha até mais do que eu queria. Umas coisinhas preciosas de que eu nem lembrava. Fazia tempo que não prestava atenção nos preciosos do super, o básico anda tão caro, né? Mas hoje, tava não. Na geladeira dos vinhos, achei um que paquero desde sempre, nunca tive coragem de comprar. Pois que a etiqueta do danado marcava menos de 10% do preço original, e essa nem é a geladeira de promoção. Foi bem na hora que eu vi o vinho gelado que voltei na entrada rapidinho pra trocar a cestinha por um carrinho. Tás vendo quanto diminutivo? É que fiquei assim suave com a delicadeza do mercado.

Comprei queijo, chocolate, sorvete, vinho, ovo orgânico – atenção o-vo-or-gâ-ni-co-pa-gá-vel -, comprei mirtilo, pão italiano, uns enlatadinhos dos importados. Tava linda a prateleira dos importados, uma galera, todo mundo de carrinho cheio. Sabe aqueles sabonetes italianos grandões que a gente cheira, dá risada do preço, se pergunta “quem é o louco que leva isso?”, pega um qualquer e passa direto? Pronto, estavam a 1 ⁄ 3 do preço do qualquer. Levei 3. Mergulhei no ritmo dos três tigres tristes pra tudo que foi coisa. Só que meus tigres estavam muito bem, obrigada. Três tigres contentíssimos. Tudo de três. E dava até pra ser mais, mas é que eu não dirijo, e tenho evitado táxis.

Embora hoje não tenha dado pra evitar porque era muita coisa pra carregar na mão, sabe? Aliás, um espanto o táxi também – R$27,90 o normal, R$3,50 o black. Pedi o black, claro. Mas chegou um carrão, e elétrico, visse. A motorista era mulher, amo quando é mulher. Perguntou se eu queria ajuda, uma conversa ajuizada que só vendo. No rádio, tava passando Nina Simone que eu amo, o ar-condicionado na temperatura perfeitinha. Quando cheguei em casa, os gatos deitados no sofá não tinham soltado um pelo sequer. Se brincar, varreram a casa enquanto eu tava fora. O chão limpo de lamber. As meninas tinham lavado a louça do jantar e, pelo cheiro da cozinha, assaram um bolo. Aí eu fui no varal checar se os lençois estavam perto de secar. Quando dá uma esfriada aqui, os lençois, às vezes precisam voltar pra máquina do tanto que demoram pra secar. Soprou uma brisa de amaciante, coisa mais gostosa do mundo. Os lençois sequinhos, sequinhos. Saiu até uma mancha que eu nem me esforçando pra tirar tava mais. Aliás, amaciante eu também trouxe 3, e Confort, visse? Tava maravilhoso o preço do Confort. Tinha separado a manhã pra cuidar de uma autorização de exame no convênio médico e uma mudança de plano na internet, mas fui atendida de primeira. Resolvi os dois em cinco minutos – não 5 pra cada, 5 no total mesmo. Ai que tocou o interfone e era o Rappi que chegou pro vizinho, mas ele esqueceu e foi almoçar fora, pediu pro porteiro perguntar se eu queria. Era japonês, um barcão, dos bons, tu acredita? Oxe, acreditasse foi? Primeiro de abril, rapaz. E desde quando existe almoço grátis? Bora trabalhar? Beijo, boa semana.

@robertadalbuquerque