A frase é do grande escritor argentino Jorge Luis Borges, e orgulha e comove bibliotecários(as) e amantes de livros do mundo todo. Borges publicou muito e até hoje sua obra assombra os leitores com novas descobertas, em um de seus contos “A biblioteca de Babel” imaginou uma biblioteca infinita.

Bibliotecas são muito mais do que depósitos de livros, contém conhecimento, informação, diversão, liberdade e desafio intelectual. O “Capital”, livro bendito ou maldito conforme a preferência do leitor, teve a quase totalidade de seu conteúdo pesquisada e criada por Karl Marx na biblioteca, então chamada Sala de Leitura, do Museu Britânico; também frequentada por Oscar Wilde, Bran Stoker, Mahatma Gandhi, Rudyard Kipling, Sun Yat-Sen, George Orwell, George Bernard Shaw, Mark Twain, Vladimir Lenin, Virginia Woolf, Arthur Rimbaud, e muitíssimos outros famosos, famigerados e anônimos, todos bem vindos, nenhum deles menor à saída do que na entrada.    

Ao longo da História, bibliotecas foram evoluindo em características e papel social. Ligadas ao desenvolvimento humano e social, com a importante tarefa de mediar a informação, acompanharam a evolução da produção escrita e também a circulação do conhecimento, ao mesmo tempo que acompanharam/produziram a evolução tecnológica ao longo de alguns milênios.

Desde a Idade Média e as corporações de ofícios, acompanharam a formação das primeiras universidades, suas autonomias em relação às igrejas, mas sempre com os profissionais da informação envolvidos no trabalho intelectual.

As transformações que vivemos hoje, impulsionadas pelas novas tecnologias e a Internet representam um desafio, pois atualmente as bibliotecas podem não ter mais paredes, estão conectadas com o mundo inteiro, em redes formais ou informais e exigem inovação, pois seus usuários circulam livremente no ciberespaço.

Mudanças como estas demandam mudanças de mentalidade, novas competências, e principalmente novas formas de relacionamentos, trabalhar com informações demandam trocas, disponibilização, habilidade para localizar, avaliar e usar o conhecimento.

Principalmente em escolas e faculdades, em que os programas de ensino desempenham um papel fundamental de preparo para a cidadania e participação plena na sociedade da informação, em que

aprender a aprender, a habilidade no trato e uso da informação é diferencial.

Bibliotecas tem função pedagógica, e bibliotecários(as) tem papel essencial no processo de aprendizagem pela mediação no processo de ensinar e de aprender que ocorre por meio da

busca e uso da informação, e competência é a capacidade de compreender uma determinada situação e reagir adequadamente a ela, mobilizando um conjunto de recursos, desde o saber escolar a ser transmitido, a habilidade de organizar e transmitir esse saber, para que este seja efetivamente apropriado pelo aluno.

Para isso não basta preparo técnico, mas também boa noção das relações entre a escola e a sociedade, a capacidade de atualização em toda ação do bibliotecário escolar, capaz de aliar a técnica com a sensibilidade e beleza que constituem o saber e do fazer.

Bibliotecas universitárias ocupam lugar social de destaque no desenvolvimento científico, tecnológico e cultural diretamente responsável pela função da universidade como agente catalizador e difusor do avanço propiciado pelos pesquisadores, docentes e discentes; mas nelas, bibliotecários e bibliotecárias são essenciais, são estes profissionais que nos conduzem no caminho do saber, que nos orientam para o avanço pessoal e profissional.

Acostumados ao silêncio, à pesquisa e compreensão das dúvidas e inseguranças dos demais, numa era onde o acesso e a utilização da informação constituem a mola mestra da produtividade, propiciadora da capacidade de competição entre países e empresas, o profissional bibliotecário, sendo responsável pelas tarefas de coleta, processamento, armazenamento, e disseminação da informação, tem certamente lugar de destaque nesta nova sociedade; aliando sensibilidade para mudança e preparo técnico, estando constantemente aberto às novas ideias e diferentes metodologias no suporte às demandas da inovação indispensáveis ao desenvolvimento do país.

Wanda Camargo – educadora e assessora da presidência do Complexo de Ensino Superior do Brasil – UniBrasil.