Filme de James Bond que se preze tem que ter os seguintes elementos. 1) O espião mais famoso do cinema subverte as regras de seus superiores; 2) Toma martini; 3) Fatura uma mulher linda; 4) Dirige um carrão – e eventualmente o destrói; 5) É capturado pelo vilão, corre risco de ser executado e escapa quase milagrosamente; 6) Vai à forra com o vilão no fim do filme (e vence, claro).

007-bons

Não é diferente em 007 Contra Spectre, que estreia nesta quinta-feira (5/11) e é o 24º filme oficial do espião. Tem tudo isso. No filme, 007 (Daniel Craig) combate uma organização misteriosa que, descobre ele, pode vir a controlar a comunicação de todo o planeta – a tal Spectre do título. Não é uma missão oficial: Bond acabou forçado a tirar uma licença depois dos acontecimentos de 007: Operação Skyfall e, principalmente, depois de uma missão que deu muito barulho no México. Enquanto o MI-6 tem um novo “M” (Ralph Fiennes) e precisa lidar com um novo chefe (“C”) e uma iminente fusão com o MI-5, Bond dribla seus superiores para cumprir um pedido da “M” antiga (Judy Dench). E, nisso, subverte as regras, toma martini, fatura uma mulher linda (na verdade, duas: Lea Seydoux e Monica Bellucci), dirige um carrão, etc, etc, etc.

007-mulheres

E dá de cara com a tal “Spectre”.

007 Contra Spectre traz várias das boas qualidades de filmes de 007. E tem o grande mérito de amarrar os três filmes anteriores em que James Bond foi interpretado por Daniel Craig. Afinal, Casino Royale era uma espécie de reboot da franquia. Quantum of Solace soava como uma vingança meio sem sentido. E Skyfall terminava de uma maneira pouco usual para um filme com 007. Spectre faz com que esses três filmes, uma vez interligados, passem a fazer mais sentido. E até consegue pintar Bond com tintas de um personagem mais humano: o espião já foi criança um dia, teve pai e mãe e ainda sofre pela perda de um grande amor. Além disso, há uma ligação meio familiar entre ele e o vilão da vez, Ernst Blofeld (Christoph Waltz).

007-vilao

Isso é importante porque uma coisa o filme, apesar de suas qualidades (e são muitas), não consegue esconder: Bond parece anacrônico demais para o século 21. O personagem fazia mais sentido na época da Guerra Fria, quando Estados Unidos e União Soviética tinham espiões de todos os lados – e Bond, britânico a serviço de Sua Majestade, eventualmente cooperava com os ianques. Espiões de hoje são muito mais semelhantes a outro JB, Jason Bourne, do que a Bond. Afinal, que espião levaria um smoking branco para usar em uma viagem de trem no meio do nada em direção a sabe-se lá onde?

007-branco

É possível que Bond saia de cena por um tempo. Ou, o mais provável, volte às telas repaginado e interpretado por outro ator – fala-se em Idris Elba, o que seria um 007 afrodescendente.

007-idris

De qualquer forma, Spectre pode ser o último filme de Daniel Craig como Bond. Pelo menos até poucos dias atrás, o ator dizia que preferia cortar os pulsos a fazer um novo filme de 007 – e seu contrato era de quatro filmes, já cumpridos. Contudo, nesta semana alguns sites já afirmam que Craig “admite fazer mais um filme”.

Curiosidade

Daniel Craig é o menor ator a interpretar James Bond. Ele mede 1,78m. Bem menor que Sean Connery (1,89m), Roger Moore (1,85m), Pierce Brosnan (1,87m) e Timothy Dalton (1,88m).

007-alturas