
A Síndrome de Down, ou trissomia do cromossomo 21, é caracterizada como uma patologia genética autossômica na qual os indivíduos apresentam um cromossomo 21 a mais, tendo, no total, 47 cromossomos ao invés de 46. A incidência de ocorrência da síndrome no Brasil é de 1 a cada 600 – 800 nascimentos, segundo a Diretriz de Atenção à Pessoa com Síndrome de Down. Outros dados, como os da Organização Mundial da Saúde (OMS), revelam que a incidência da trissomia do cromossomo 21 ocorre em aproximadamente 1 a cada 1.000 nascidos vivos no mundo. No Brasil, o Ministério da Saúde estima que cerca de 300 mil pessoas tenham a síndrome.
A criança com Síndrome de Down tem todas as possibilidades de desenvolvimento e aperfeiçoamento das outras crianças, mas isso exige incentivo e estímulo, e a fisioterapia é uma importante aliada, pois ajuda no desenvolvimento neuropsicomotor e mental.
De acordo com o fisioterapeuta Matheus Maciel Pauferro, o ideal é que o tratamento fisioterapêutico seja iniciado o mais breve possível para que os benefícios ajudem na capacidade funcional e na qualidade de vida desse grupo populacional. “Os principais objetivos são estimular o desenvolvimento neuropsicomotor, melhorar a funcionalidade e promover a independência, respeitando as características de cada indivíduo para melhores resultados. A fisioterapia é essencial para que a pessoa com Síndrome de Down tenha maior autonomia e qualidade de vida. O plano de tratamento é individualizado, incluindo exercícios adaptados para atender às necessidades individuais de cada pessoa e potencializar as habilidades funcionais”, destacou.
Segundo o especialista, que é coordenador do curso de Fisioterapia da Estácio em Feira de Santana, ao atuar no fortalecimento físico, nas aquisições motoras e na capacidade funcional, a fisioterapia proporciona mais liberdade, segurança e qualidade de vida. “Além de proporcionar à pessoa com Síndrome de Down mais facilidades para uma vivência no meio social, a fisioterapia auxilia o indivíduo a ser mais independente nas suas atividades diárias e motoras para uma política mais inclusiva e igualitária”, afirmou. Matheus Maciel Pauferro ainda ressaltou a importância de um tratamento multidisciplinar. “Os fisioterapeutas também trabalham em colaboração com outros profissionais, como terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e psicólogos para um suporte no tratamento”.
A importância da estimulação precoce
A informação e o acolhimento são fundamentais, ajudando as famílias a compreenderem que a criança pode ter um desenvolvimento pleno, estudar, socializar e conquistar autonomia. “A estimulação adequada e o acesso a terapias especializadas são essenciais para que a criança se desenvolva com qualidade de vida. Quanto mais cedo o acompanhamento começa, maiores são os benefícios no longo prazo”, explica Juliana Gomes, fonoaudióloga especializada em transtornos de linguagem e CEO da Clínica Life. Segundo ela, a estimulação precoce tem um papel essencial no desenvolvimento motor, cognitivo e emocional da criança com Síndrome de Down. Ela engloba uma série de terapias que auxiliam no fortalecimento muscular, na aquisição da linguagem, na coordenação motora e na autonomia nas atividades diárias. A fonoaudióloga Juliana Gomes destaca que muitas crianças com a condição apresentam hipotonia muscular, uma flacidez que afeta a mastigação, a deglutição e a fala. “O trabalho fonoaudiológico é fundamental para fortalecer os músculos da face, facilitando a comunicação e a alimentação da criança. Além disso, a terapia auxilia na melhor articulação das palavras contribuindo para aquisição de fala e linguagem”, explica.
Além dos exercícios, outra estratégia utilizada para potencializar a comunicação da criança é a Comunicação Alternativa e Aumentativa (CAA), que pode incluir o uso de gestos, figuras, pranchas de comunicação e aplicativos específicos. “A comunicação alternativa facilita a interação da criança com os pais e com o mundo ao seu redor, permitindo que ela expresse vontades, sentimentos e necessidades antes mesmo de desenvolver a fala”, ressalta Juliana, que também é especialista no assunto.
A terapia ocupacional também tem um papel essencial na conquista da autonomia nas atividades diárias, como segurar um copo, usar talheres e brincar de forma independente. “Nos primeiros anos de vida, essas habilidades são estimuladas para que a criança desenvolva maior independência e participação na sociedade”, acrescenta Juliana. A especialista reforça que outras áreas da saúde podem ser fundamentais no acompanhamento, como fisioterapia, para fortalecimento muscular global, e psicologia, para favorecer a adaptação e o desenvolvimento socioemocional.
Juliana destaca que o momento ideal para iniciar as terapias é o mais cedo possível, garantindo que a criança tenha suporte desde os primeiros meses de vida. “O mais importante é que os pais busquem informação e apoio especializado assim que o diagnóstico for confirmado. Quanto antes começarmos a estimulação, mais impacto positivo teremos no desenvolvimento da criança”, orienta.