SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Concorrendo a seis estatuetas, a comédia política “Vice” lidera em indicações ao Globo de Ouro. O longa de Adam Mckay, que faz troça do ex-presidente George W. Bush e de seu então vice, Dick Cheney, disputa como melhor filme de comédia ou musical, diretor, ator de comédia ou musical, atriz coadjuvante, ator coadjuvante e roteiro.
McKay, que já havia desancado o mercado financeiro e os bastidores da crise econômica em “A Grande Aposta”, agora mira a política, em especial os republicanos. A trama remonta como o burocrata Cheney, vivido sob pesada maquiagem por Christian Bale, é recrutado por Bush para ser seu vice e ganha poder na Casa Branca. O ex-presidente é retratado por Sam Rockwell como um caipirão não muito brilhante.
A escolha desse filme denota politização por parte da Associação da Imprensa Estrangeira, que concede o prêmio, e mostra um claro recado à administração Trump, correligionário de Bush. O filme estreia no Brasil em 31 de janeiro.
Em segundo lugar, com cinco indicações cada, há três filmes: “Nasce uma Estrela”, de Bradley Cooper, “Green Book: O Guia”, de Peter Farrelly, e “A Favorita”, de Yorgos Lanthimos.
Os indicados foram anunciados na manhã desta sexta (6), em Los Angeles. Também foram divulgados os concorrentes em categorias de TV. A cerimônia de premiação, uma das mais importantes do cinema e da televisão, está marcada para o dia 6 de janeiro de 2019. Os apresentadores serão Sandra Oh e Andy Samberg.
Um dado que chama atenção neste ano é o fato de que a categoria de melhor filme dramático ter em sua maioria obras com temática racial, dirigidas por cineastas negros. São elas “Infiltrado na Klan”, de Spike Lee, “Se a Rua Beale Falasse”, de Barry Jenkins, e do blockbuster de super-herói “Pantera Negra”, de Ryan Coogler.
Os três filmes, aliás, saíram com diversas indicações. “Infiltrado”, sobre um policial negro que consegue se disfarçar de integrante da organização racista Ku Klux Klan, disputa em quatro categorias. “Se a Rua Beale”, história sobre racismo no Harlem, aparece em três, mesmo número de “Pantera”.
“Green Book” também tem no racismo um tema central. É dirigido por um diretor branco, Peter Farrelly, mas rememora um caso real ocorrido nos anos 1960. Narra a história de um ítalo-americano (Viggo Mortensen) que vira chofer de um músico negro (Mahershala Ali), em turnê pelo Sul racista dos Estados Unidos.
Outro fato que salta os olhos tem a ver com a divisão entre filmes de drama e filmes de comédia ou musical. “Nasce uma Estrela”, que conta os embates de dois músicos e seus percalços com a fama, concorre nas categorias dramáticas. Mas trata-se de uma refilmagem, e sua versão dos anos 1970 disputou, na época, indicações em categorias de comédia ou musical.
Da mesma forma, “Bohemian Rhapsody”, cinebiografia sobre o grupo Queen, também aparece nas categorias dramáticas, muito embora seja repleto de canções e trate da história de uma banda. Vale dizer que, em 2005, “Johnny & June”, outra cinebiografia sobre música, concorreu em categorias de comédia ou musical.
A escolha parece mostrar uma tentativa da associação de imprensa de reforçar a categoria dramática neste ano.
Na categoria de melhor filme estrangeiro, como já era esperado, “Roma”, de Alfonso Cuarón, recebeu indicações. Vai disputar com “Assunto de Família”, longa do japonês Hirokazu Kore-eda que venceu a Palma de Ouro no último Festival de Cannes.
Os vencedores são escolhidos pela entidade que reúne jornalistas de cinema de vários países e sediados em Los Angeles. A entidade é conhecida por valorizar mais o brilho dos artistas do que propriamente a qualidade das obras.
A associação já se viu envolvida em diversas controvérsias e já foi acusada de aceitar subornos. Em 2011, por exemplo, dois fracassos de público e crítica da Sony, “Burlesque” e “O Turista”, foram indicados a melhor comédia ou musical.
Em 2013, reportagem do New York Times apontou que o hoje arruinado produtor Harvey Weinstein bancou um almoço na sede da organização.
Como o prêmio é concedido pela imprensa, e não pelos membros da Academia de Hollywood, não é possível dizer que os indicados são um termômetro do próximo Oscar. Ainda assim, eles dão a largada para a temporada de premiações e antecipam quais são os filmes que irão gerar burburinho nos próximos meses.
Neste ano, a premiação anunciou uma novidade na área de televisão: um prêmio honorário, concedido a algum artista que tenha se destacado no gênero, a exemplo do que já acontece com cinema. O nome da pessoa que será homenageada ainda não foi divulgada.
Veja a lista completa de indicados ao Globo de Ouro em cinema:
Melhor filme de drama:
Infiltrado na Klan, de Spike Lee
Bohemian Rhapsody, de Bryan Singer
“Se a Rua Beale Falasse”, de Barry Jenkins
“Nasce uma Estrela”, de Bradley Cooper
“Pantera Negra”, de Ryan Coogler
Melhor ator de drama:
Bradley Cooper, por Nasce uma Estrela
Willem Dafoe, por No Portal da Eternidade
Rami Malek, por Bohemian Rhapsody
John David Washington, por Infiltrado na Klan
Lucas Hedges, por “Boy Erased: Uma Verdade Anulada”
Melhor atriz de drama:
Glenn Close, por A Esposa
Lady Gaga, por Nasce uma Estrela
Nicole Kidman, por O Peso do Passado
Melissa McCarthy, por Poderia Me Perdoar?
Rosamund Pike, por “A Private War”
Melhor filme de comédia ou musical:
“Podres de Ricos”, de Jon M. Chu
”A Favorita”, de Yorgos Lanthimos
“Green Book: O Guia”, de Peter Farrelly
“O Retorno de Mary Poppins”, de Rob Marshall
“Vice”, de Adam McKay
Melhor ator de comédia ou musical:
Christian Bale, por Vice
Lin-Manuel Miranda, por O Retorno de Mary Poppins
Viggo Mortensen, por Green Book: O Guia
Robert Redford, por The Old Man & the Gun
John C. Reilly, por “Stanb & Ollie”
Melhor atriz de comédia ou musical:
Emily Blunt, por O Retorno de Mary Poppins
Olivia Colman, por A Favorita
Elsie Fisher, por Oitava Série
Constance Wu, por Podres de Ricos
Charlize Theron, por Tully
Melhor diretor:
Bradley Cooper, por Nasce uma Estrela
Alfonso Cuarón, por Roma
Peter Farrelly, por Green Book: O Guia
Spike Lee, por Infiltrado na Klan
Adam McKay, por Vice
Melhor ator coadjuvante:
Mahershala Ali, por Green Book: O Guia
Timothée Chalamet, por Querido Menino
Richard E. Grant, por Poderia me Perdoar?
Sam Rockwell, por Vice
Adam Driver, por Infiltrado na Klan
Melhor atriz coadjuvante:
Amy Adams, por Vice
Claire Foy, por Primeiro Homem
Regina King, por Se a Rua Beale Falasse
Emma Stone, por A Favorita
Rachel Weisz, por A Favorita
Melhor animação:
Os Incríveis 2, de Brad Bird
Ilha dos Cachorros, de Wes Anderson
WiFi Ralph: Quebrando a Internet, de Phil Johnston e Rich Moore
Homem-Aranha no Aranhaverso, de Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman
“Mirai no Mirai”, de Mamoru Hosoda
Melhor filme estrangeiro:
Cafarnaum, de Nadine Labaki (Líbano)
Girl, de Lukas Dhont (Bélgica)
Werk Ohne Autor (“Never Look Away”), de Florian Henckel von Donnersmarck (Alemanha)
Roma, de Alfonso Cuarón (México)
“Assunto de Família”, de Hirokazu Kore-eda (Japão)
Melhor roteiro:
A Favorita
Green Book: O Guia
Se a Rua Beale Falasse
Roma
Vice
Melhor trilha sonora:
Um Lugar Silencioso
Ilha dos Cachorros
Pantera Negra
Primeiro Homem
O Retorno de Mary Poppins
Melhor canção:
All the Stars , de “Pantera Negra”
Girl in the Movies, de Dumplin
Requiem for a Private War”, de “A Private War”
“Revelation”, de “Boy Erased”
” Shallow “, de “Nasce uma Estrela”