Historicamente um dos estados com maior número de candidatos a pais no Cadastro Nacional de Adoção (CNA), o Paraná viu crescer exponencialmente o número de adoções de crianças e adolescentes realizados nos últimos três anos. Segundo informações do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), o crescimento verificado entre 2014 e 2017 foi de 116%, com o número de adoções realizadas saltando de 175 para 378. Além disso, só neste ano foram realizadas 121 adoções até o dia 9 de maio. Assim, temos um total de 1.275 adoções realizadas nos últimos cinco anos. Hoje é comemorado o Dia Nacional da Adoção.

O número de adoções efetivadas, contudo, poderia ser bem maior. O Paraná é o segundo estado brasileiro com maior número de pretendentes a pais, com uma taxa de 34 para um grupo de 100 mil habitantes. Apenas o Rio Grande do Sul, com 55,2, fica na frente. Ademais, há quatro pretendentes para cada criança à espera de uma família no estado. Atualmente, segundo o CNA, são 966 crianças ou adolescentes para adoção, ao passo que existem 3.850 paranaenses habilitados a adotarem. 

“Hoje temos 966 crianças no Paraná disponíveis para adoção imediata. Ou seja, se tiver pessoas habilitadas e que queiram essas crianças, essa adoção pode se dar de imediato”, explica o juiz auxiliar da Corregedoria-Geral da Justiça Sérgio Kreuz, que até o ano passado era o titular da Vara da Infância de Cascavel (que se tornou referência no estado em número de adoções realizadas). 

“O que acontece é que muita dessas crianças e adolescentes não encontram pretendentes porque (os futuros pais) desejam crianças menores, sem deficiência física ou mental. Grupos de irmãos também dificultam a inserção em outras famílias, pois têm grupos de irmãos que são muitos unidos, então não se pode simplesmente separar sem tomar algumas cautelas”, complementa o especialista.

A.DOT
Para dar visibilidade a essas crianças e adolescentes cadastrados para adoção e que não encontram pretendentes habilitados (fazendo também aumentar o número de adoções realizadas), o TJ-PR deve lançar em breve o Projeto A.DOT, em execução há quase um ano e que procura dar visibilidade aos jovens que procuram por um lar.

O aplicativo, que segundo Kreuz será lançado oficialmente até o final do mês, será de acesso exclusivo para habilitados à adoção. Por meio dele, será possível consultar o cadastro de crianças e adolescentes em condições de adoção e assistir a vídeos gravados por voluntários, nos quais os próprios jovens contam sobre suas histórias e expectativas.

“Estamos realizando um esforço grande para que mesmo essas crianças e adolescentes que estão fora do perfil dos pretendentes sejam pelo menos conhecidas. Por isso estamos desenvolvendo esse aplicativo, para que os pretendentes conheçam por meio de vídeo e fotografias os jovens.”

Estado é referência no acolhimento familiar
Além dos esforços para fazer aumentar o número de adoções realizadas, a Justiça do Paraná também tem incentivado o acolhimento familiar. Isso acontece quando uma criança é retirada de sua família, ainda que provisoriamente. Nesses casos, a solução mais comum seria enviar esse jovem para um abrigo. Com o acolhimento familiar, contudo, ela fica temporariamente com uma outra família que cuidará dela enquanto não puder voltar para sua família de origem.

“Queremos inverter essa lógica (de colocar a criança numa instituição) e colocá-la numa outra família”, explica o juiz Sérgio Kreuz, destacando que o Paraná está na dianteira desse processo: 100 municípios já aderiram à proposta e estão implementando esse serviço, além de mais de 500 crianças já estarem vivendo em situação de acolhimento familiar.

“O abrigo é frio, não permite a criação de vínculos. A criança acorda com uma pessoa, almoça com outra, brinca com outra e muitas vezes dorme com outra. Essa criança não tem a menor condição de criar um vínculo de afetividade, o que causa danos afetivos que podem se tornar irreversíveis. Com o acolhimento familiar, a criança terá esse atendimento individualizado que permite a criação de vínculos fundamentais a qualquer ser humano, nas crianças ainda mais”, comenta o magistrado.

Adoções realizadas no Paraná

2014

175

2015

147

2016

375

2017

378

2018*

121

 

* Até o dia 9 de maio

Fonte: Cadastro Nacional de Adoção (CNA)