Centro de doação das caminhas (Foto – Ismael Gervazi Plantes)

Pneus viram casas para cães e gatos

De pneus, tintas à base de água, parafusos, pincéis e muita criatividade, surgem pelas mãos de Ismael Gervazi Plantes, o Maeco, de 54 anos, caminhas e ocas para animais abandonados.

Há quatro anos, Maeco, que vive em Pontal do Paraná, no Litoral do estado, teve a ideia de produzir camas personalizadas para os seus cachorros:. cinco ao todo. ”Era um dia chuvoso, frio e eles estavam na sala comigo deitados no tapete. Foi aí que tive a ideia de produzir alguma coisa para que ficassem mais aquecidos. Fui para a internet pesquisar e aprendi fazendo”, conta.

De lá pra cá, ele não parou mais. Pelas contas do servidor público da Câmara Municipal da cidade já foram doadas mais de seis mil caminhas e ocas para gatos A produção ganhou até nome: “Caminhas do Maeco”. Por mês, ele chega a produzir 350, em média. O destino: tutores, protetores, ongs e pessoas que se sensibilizam com os animaizinhos abandonados pelas ruas. (veja mais informações sobre como adquirir no fim do texto).

O projeto cresceu – Maeco começou doando as caminhas no portão de casa, e usava o próprio carro para recolher a matéria-prima em borracharias e lojas de tinta e de ferramentas. Foi quando surgiu outra ideia: fazer uma vaquinha para comprar uma carreta, tanto para recolher o material, quanto para entregar as peças prontas, afinal, as caminhas e ocas não cabem em um carro de passeio. As pessoas acreditaram no projeto e contribuíram. “Quando consegui a carretinha, comecei a visitar todas as cidades do litoral nos fins de semana para fazer as doações. E deu certo. Costumo parar a carretinha num lugar movimentado e vou doando”, diz.

Mas Maeco ainda queria ir além. Tinha um sonho de subir a serra e doar também na capital, Curitiba, e na Região Metropolitana. Só que, para ir mais longe, seria necessário adquirir uma carreta mais reforçada, melhor equipada e com mais espaço. É que a velha carretinha ficou pequena demais para a proporção que o projeto tomou. Foi quando ele, mais uma vez, conseguiu fazer a substituição por uma maior. Isso aconteceu no fim do ano passado.

Em atividade (Foto: Ismael Gervazi Plantes,)

Susto – Com o projeto das caminhas no auge, Maeco foi surpreendido com um diagnóstico negativo: descobriu que tinha um problema no coração e precisou passar por uma cirurgia delicada. Correu tudo bem e ele não desanimou, pelo contrário. “Essa situação acabou me dando mais forças para eu continuar realizando meu sonho. Agora já consegui doar as caminhas em Curitiba, Fazenda Rio Grande e Araucária”, comemora.

Terapia – Quanto mais o projeto ia se tornando conhecido, tanto lojistas como as pessoas físicas passavam a se engajar mais e mais, fazendo doações de tintas e ferramentas. Tudo é muito bem-vindo, menos dinheiro. Maeco não aceita. Ele encara o projeto e o trabalho como uma terapia. “Hoje eu escolho uma cidade e saio para doar nos fins de semana. Todos os dias, eu acordo às 5h30 da madrugada e vou pintar pneus até umas 7h30, que é quando vou me trocar para trabalhar. Mas, quando chego em casa, no fim do expediente, à tarde, volto à produção e fico até a noite fazendo as caminhas e ocas. Eu não paro”, explica.

O Maeco (Foto: arquivo pessoal)

Palestras e homenagens – “O projeto não tem fins lucrativos, muito menos, políticos”, avisa Maeco. No entanto, chama a atenção de autoridades e de instituições, que o convidam para dar palestras sobre reaproveitamento de materiais, por exemplo. Fora que, vira e mexe, ele é homenageado pelo trabalho que desempenha. Tudo merecido. “Já dei palestras sobre as caminhas por dois anos no IFPR de Paranaguá. Fui homenageado na Câmara Municipal de Pontal do Paraná com uma linda placa em reconhecimento ao meu trabalho e também recebi um certificado do programa Lixo Zero de Pontal do Paraná. Isso me deixa ainda mais motivado”, reflete.

Planos – Fazer doações em outras regiões do Paraná e também em Santa Catarina está nos planos de Maeco. “Onde eu puder ir, eu vou. É só ter fé e saúde que acredito que isso vai acontecer. Eu não vou parar enquanto eu tiver condições físicas e, claro, saúde”, finaliza.

Para mais informações, siga o perfil do projeto no Instagram @caminhasdomaeco

Bem protegido do frio e da chuva (Foto: Ismael Gervazi Plantes,)