Ainda dentro da temática do Setembro Amarelo, quero falar, hoje, sobre aspectos da saúde mental e o que têm nos levado a estar com ela mais fragilizada, em constante sofrimento e em vias de desencadear um transtorno mental, como depressão, ansiedade ou síndrome de burnout.

O desenvolvimento dos transtornos mentais não é linear, não existe causa – consequência, eles podem vir a se desenvolver a partir de causas multifatoriais, como por exemplo:  componente hereditário, características individuais, ambientes disfuncionais, fatores estressores, dentre outros aspectos.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde mental é um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de usar suas próprias habilidades, recuperar-se do estresse rotineiro, ser produtivo e contribuir com a sua comunidade.

E a partir dessa definição, a gente precisa entender a diferença entre estar cansado e estar esgotado.  Se você consegue repor as energias no fim do dia, no fim de semana ou quando tira férias, aproveitar outras oportunidades para “colocar a mente no lugar”, então em geral é cansaço, não é esgotamento, estresse ou até burnout.

O cansaço pode ser um sinal que você está fazendo muitas coisas intencionais que podem estar te levando para quem você quer ser e para a vida que você deseja. Ou, então, pode ser um momento, uma fase da sua vida, um problema pontual ou um projeto que exija um pouco mais de desgaste. Ele não é necessariamente ruim. Já o esgotamento pode indicar o início de um processo de adoecimento, de sofrimento constante, ele não acontece repentinamente e não se sai dele em pouco tempo também.

Fazendo a metáfora com o artista circense que equilibra dezenas de pratos ao mesmo tempo, na nossa vida, é praticamente impossível conseguirmos manter todos os pratos (trabalho, saúde, família, vida social, vida financeira, estudos, atividades físicas, etc) equilibrados, girando na mesma velocidade.

Os pratos vão cair, você precisa pensar qual prato vai cair em qual momento e por quanto tempo você vai deixá-lo caído. E isso não é ser negligente ou displicente, é ter a consciência que dar conta de tudo equilibrado é uma utopia. Em um outro momento, se fizer sentido para você, você dará prioridade novamente para esse pratinho caído. Precisamos aprender a escutar o nosso corpo, se acolher e desacelerar um pouco o ritmo quando for necessário.

Por todos esses fatores que se faz necessário prestar bastante atenção nos pequenos sinais que nosso corpo vai nos mostrando e nas mudanças dos nossos padrões diários, como ritmo de sono, de alimentação e/ou dores localizadas recorrentes. Irritabilidade, falta de concentração, mudanças nas suas relações de trabalho ou pessoais, recorrentes por alguns dias. De alguma forma, o corpo vai sinalizando o esgotamento.

Sinais de Alerta:

  • Cansaço excessivo, físico e mental.
  • Dor de cabeça frequente.
  • Alterações no apetite.
  • Alterações no sono.
  • Dificuldades de concentração.
  • Deixar de fazer atividades que gostava.
  • Sentimentos de fracasso e insegurança.
  • Negatividade constante.
  • Sentimentos de derrota e desesperança.

Importante prestar atenção na nossa rotina e na dos colegas, amigos, familiares. Muitas vezes a própria pessoa acaba não conseguindo se perceber, e, mantendo esse ritmo acelerado por muito tempo, agravando esses sinais, pode desenvolver, de fato, um transtorno.

Algumas práticas que podem ajudar:

1 – Mindfulness

Práticas de mindfulness (atenção plena) nos ajudam anos conectar com o momento presente e com as nossas necessidades internas. Mesmo poucos minutos por dia podem ser transformadores. Para iniciar, esteja em um espaço silencioso e confortável. Sente-se em uma cadeira e feche os olhos. Fique consciente de sua respiração e pergunte-se:

“Em que estou pensando agora? Quais sentimentos eu percebo? Quais sensações corporais posso sentir (por exemplo uma rigidez no pescoço)?

Não tente mudar nada, apenas torne-se consciente das sensações e depois deixe-as ir. Mantenha seu foco em respirar pelo abdômen, expandindo-o ao inspirar e retraindo-o ao expirar.

2 – Identificar, entender e escrever como é a sua rotina

Só quando você olha com clareza como está a sua situação é que consegue pensar e planejar algumas mudanças. Escreva quantas horas por dia você utiliza em média executando cada tarefa do seu dia

3 – Perceber o que falta na sua rotina

Qual “pratinho” está desequilibrado? Qual “pratinho” está esquecido no chão e você gostaria de fazer girar? Identifique e tente inserir, paulatinamente essas novas atividades a sua rotina. Lembre-se do “Poder do Pouco”.

Alerta

Essas práticas e estratégias podem te ajudar em muitos aspectos para um processo de mudança, mas existem muitos casos e muitas situações que precisarão de uma atenção especializada e um tratamento individualizado. Se você perceber que o seu sofrimento está muito intenso e frequente, não hesite em buscar ajuda profissional.