Por uma questão de princípio, e não para ter menos trabalho, o publicitário Ricardo Cattassini não interfere na fonte e no lago que construiu na sua chácara, em Santana de Parnaíba. “Eu nem alimento os peixes, deixo que eles se alimentem de plantas, insetos e outros peixes, prefiro não intervir”, diz.
Mas a situação do lago de Cattassini é uma exceção. Como a maioria dos lagos artificiais não tem um ecossistema, é preciso controlar o PH da água, instalar filtros, fazer limpeza e alimentar os peixes. O problema mais comum nesses espaços é a proliferação de algas, que causam mau cheiro. “É preciso tomar cuidado com a água e ter o acompanhamento de um profissional”, diz a paisagista Neiva Rizzotto.
Para manter o equilíbrio no seu lago sem ter que fazer manutenção, o publicitário Cattassini criou, ao longo dos anos, um ecossistema, com o uso das plantas certas e introduzindo os animais certos também. Por isso, o publicitário não retira nem as teias de aranha que ficam sob a água e nem espanta os sapos que passaram a morar perto da casa.
“Os sapos comem insetos, por isso na minha casa não tem mosquito, o que é interessante devido à dengue. Se eu tirar as teias de aranha, também vou evitar que elas se alimente de pequenos insetos e que outros animais se alimentem delas. Por isso não interfiro em nada”, explica. Além dos peixes, sapos, insetos e plantas, moram no lago de Cattassini três tartarugas, uma delas com 40 anos de idade.
O lago foi construído com a ajuda de um arquiteto, que fez o projeto. Um espelho d’água de 15 centímetros de profundidade, que em volta da casa, serve como filtro para a água do lago, que fica na parte mais elevada do terreno e é mais profundo. A água que circula do espelho d’água até o lago é bombeada com um motor movido a energia solar.
As plantas que ficam no lago, todas aquáticas, também servem como filtro para a água. Cattassini optou por agrião d’água (Nasturtium officinale), aguapé (Eichornia crassipes), alface d’água(Pistia stratiotes), gengibre d’água, cavalinha (Equisetum giganteum), papiro (Cyperus papyrus) e flor de lótus (Nelumbo nucifera). “As plantas são muito eficientes na hora de filtrar a água”, explica.
Quem não tem um ecossistema como o criado por Ricardo Cattassini – ele tem este lago há seis anos e muita experiência pois sempre teve lago em casa – terá que investir na filtragem e purificação da água.
Os peixes que estão hoje no lago de Cattassini são os que se adaptaram melhor ao local: bagres colombianos, lambaris, pitu (camarão de água doce) e guaru. “Preferi não escolher as tradicionais carpas, que são escolhidas para os lagos pela beleza”, diz.
As carpas são muito utilizadas em lagos caseiros pois se adaptam bem e são peixes muito bonitos, mas há muitas outras opções de peixes.
PARA TER LAGO É PRECISO IMPERMEABILIZAR
– Para ter lago, fonte ou chafariz é preciso ter espaço e tempo para a manutenção;
– O fundo do lago, chafariz, ou espelho d’água deve ser de concreto ou alvenaria (em casos raros, de terra). Dependendo do volume de água pode ser necessário o uso do concreto, para resistir ao peso;
– A obra pode parecer simples, mas mesmo para pequenos espelhos d’água é importante ter um projeto de arquiteto ou engenheiro;
– A impermeabilização deve ser feita durante a execução da obra, com adição de aditivo impermeabilizante em pó na confecção do concreto ou massa de alvenaria estrutural;
– Após a cura do concreto ou da massa de assentamento da alvenaria estrutural, adicionar impermeabilizante no chapisco (cimento, areia, impermeabilizante e água, seguindo instruções do fabricante);
– Após 24 horas, executar a massa impermeável de regularização usando aditivo impermeabilizante líquido;
– Esperar a cura da massa impermeável por pelo menos 5 dias, umedecer a superfície e aplicar revestimento impermeabilizante semiflexível em 3 demãos alternadas e cruzadas, espaçadas em 6 horas (aplicação com trincha ou brocha, como pintura);
– Só depois disso, assentar diretamente o revestimento cerâmico com argamassa colante;
– Se houver plantas e peixes, cuidar do PH da água e tratar com produtos especiais.
FONTE: Sika e paisagistas