A vida da artista plástica mexicana Frida Kahlo será retratada no monólogo “Frida Kahlo, Viva a Vida”, na Casa de Artes Helena Kolody, em Curitiba. O texto do dramaturgo mexicano Humberto Robles recebeu o Prêmio de Melhor Revelação Dramática pela Asociación de Periodistas Teatrales (APT) no México. A peça já foi encenada no México, Chicago, Uruguai, Porto Rico, Espanha e será encenada pela primeira vez no Brasil pela Companhia Teatral Tirso, com tradução e direção de Luis Benkard, atuação de Isabelle Neri e produção de Patricia Goulart.

Acompanhe a programação da peça “Frida Kahlo, Viva a Vida”.

A ação se passa no “Dia de Los Muertos” (dia 31 de outubro), data em que o México realiza oferendas aos mortos em ritmo de festa. No México, acredita-se que, neste dia, os mortos retornam para festejar “o seu dia”, acompanhados da Catrina, conhecida como a Senhora da Morte.   A Catrina é um elemento burlesco à morte gélida e inválida, uma sátira a temerosa morte. Caveiras decoradas com roupas e jóias mostram essa fragilidade da vida, mesmo morta, a senhora Catrina seca e esturricada, volta para bailar e exibir sua vaidade. Aos vivos resta celebrar a morte, convidando-a para entrar em sua casa, para comer e beber à vontade. No México, verdadeiras ceias são feitas nos cemitérios sobre o túmulo de entes queridos.

Na peça, Frida Kahlo retorna e relembra sua vida: sua relação amorosa com o muralista mexicano Diego Rivera, o acidente trágico com o bonde que prejudicou sua coluna e sua perna, o envolvimento com Trotski, e tantas outras situações que marcaram a vida da artista. “Frida Kahlo, Viva a Vida” expõe o lado autêntico da artista, que mesmo com acontecimentos trágicos tinha a força e a alegria de viver, por sentir os prazeres da vida.

Em um cenário que representa uma casa qualquer no México e que apesar de sua simplicidade, tem como de costume, construído em seu interior um altar para os mortos, Frida faz sua aparição e apropria-se desta casa e deste altar, serve-se da bebida dedicada aos mortos e leva a platéia consigo em uma viagem surrealista. Essa casa simples torna-se também o seu estúdio, ou sua cozinha ou até mesmo o Museu do Louvre em Paris, como numa pintura surreal que sem obedecer a coerência de tempo e espaço faz da ação uma tela viva das alegrias, sofrimentos e lembranças da artista que agora transita livremente entre esse universo dos mortos e dos vivos. Esse universo atados por um cordão tão singelo.

O diretor Luis Benkard realizou um trabalho de pesquisa na Cidade do México e permaneceu hospedado no bairro de Coyoacán, próximo da Casa Azul onde Frida Kahlo nasceu e morreu. Benkard pesquisou a vida da artista, acompanhou e documentou, através de fotografias, a preparação e a comemoração do “Dia de Los Muertos”, visitou a Casa Azul (casa de Frida Kahlo) e os ateliês da artista e do marido Diego Rivera, ao lado do autor do texto, Humberto Robles.   Luis Benkard mora em Londres e veio ao Brasil somente para dirigir o espetáculo e escolheu Curitiba como cidade para estréia nacional que também será montado na Inglaterra.