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Em 2020, as pessoas foram surpreendidas pelo novo coronavírus no mundo todo. No Brasil, a doença, atualmente, registra mais de 20 milhões de casos e mais de 569 mil mortes. Diante disso, é necessário reconhecer que muitos segmentos têm sido essenciais para o combate da doença, atuando na linha de frente da Covid-19. Hospitais, SAMU, UPA’s, laboratórios e também as farmácias de manipulação.

Por conta da importância desse trabalho, a Associação Nacional dos Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag), organização que representa as farmácias de manipulação no país, calcula um crescimento de vendas de 8%, em comparação ao ano passado. Além disso, entre março e dezembro de 2020, realizou uma pesquisa com os estabelecimentos associados para reconhecer o enfrentamento da pandemia de Covid-19 pelo segmento. O levantamento confirma o aumento da atividade das farmácias de manipulação ao longo de todo o período, com picos que acompanharam os momentos de alta da doença.

Para o farmacêutico e diretor executivo da Anfarmag, Marco Fiaschetti, os farmacêuticos do segmento magistral (de farmácias de manipulação) estão sendo demandados por instituições de saúde para o fornecimento de formulações. “As farmácias de manipulação atendem pacientes acamados e entubados. Há um atendimento direto à nossa população e, obviamente, disponibilizamos aos profissionais médicos uma ampla possibilidade de medicamentos e formulações, além das demais instituições do país para que, conjunta mente, possamos enfrentar os difíceis dias que estamos enfrentando”, ressalta.

De forma geral, os parâmetros refletem aumento de vendas de medicamentos e produtos complementares, incluindo álcool gel e vitaminas para aumento da imunidade. Entre maio e julho de 2020, os números indicaram uma elevação da venda de produtos manipulados, com índices que variam entre 20% e mais de 50% do volume de comercialização.

Os dados gerais de dezembro, em comparação com os meses anteriores, demonstraram aumento superior a 50% do volume de produtos comercializados em 2,8% das farmácias de manipulação; crescimento de 20% a 50% foram registrados em 11,2% dos estabelecimentos; e houve crescimento de até 20% para 45,8% das empresas.

Os números de elevação da demanda representam, no total, a resposta de cerca de 60% dos entrevistados, que afirmaram que o período foi de alta nas vendas das fórmulas. Fiaschetti destaca que as farmácias de manipulação têm características específicas que ajudam a explicar esse crescimento e essencialidade de seus medicamentos para a população.

“Esses locais trabalham com produtos individualizados, preparados especificamente para as necessidades de cada paciente. Isso significa que a especialidade desses estabelecimentos é personalizar doses, fazer associação de diferentes princípios ativos em um mesmo medicamento, preparar formulações especiais para pacientes alérgicos ou adaptar a fórmula a para facilitar a adesão do paciente ao tratamento”, diz. “Além disso, são empresas que têm baixa elasticidade, ou seja, na maioria dos casos, a aquisição do produto se faz pela preocupação com a saúde, o que torna essa atividade menos suscetível à paralisação do consumo ou à substituição”, diz.

O diretor executivo também reforça o fato de as farmácias estarem aptas a manipular praticamente todos os tipos de medicamentos. “Trabalha-se com medicamentos alopáticos para as diversas especialidades, produtos fitoterápicos, plantas medicinais, suplementos e cosméticos. Então é amplo o escopo de atuação da farmácia de manipulação no suporte à saúde, e é natural que sua importância cresça em um período de crise sanitária”, esclarece o diretor. O especialista ainda completa que, principalmente durante os tempos de pandemia nos quais as pessoas querem evitar os centros de saúde, o farmacêutico se torna figura essencial. “É direito de todo cidadão ter orientação de um profissional de farmácia, que pode ouvi-lo, indicar medicamentos isentos de prescrição médica ou encaminhá-lo a um especialista ou hospital, caso avalie ser necessário”, completa.

Essencialidade na preparação de medicamentos

Durante a pandemia, as farmácias de manipulação intensificaram não só o atendimento a usuários diretos, mas também a hospitais. Isso porque aumentou significativamente o número de pacientes acamados e entubados, que frequentemente necessitam de formulações especiais.

“A especialidade da farmácia de manipulação é adaptar medicamentos para a necessidade de um determinado paciente. Um paciente acamado, um paciente entubado, ele não pode ou não consegue engolir um comprimido, então a farmácia de manipulação também vem beneficiando esses pacientes internados, por exemplo, adaptando esses medicamentos em soluções líquidas administradas por meio de uma sonda”, explica Fiaschetti.

O farmacêutico e diretor da Anfarmag ainda ressalta a importância do setor de medicamentos manipulados nacional. “A farmácia de manipulação brasileira é uma referência mundial, e em nenhum lugar no mundo existe uma farmácia de manipulação tão desenvolvida e completa como no nosso país”, afirma.

Histórico de desempenho

Com desempenho positivo já em 2019, os números comprovam a ascensão dos medicamentos manipulados e sua crescente procura pelo público. Segundo o Panorama Setorial Anfarmag, publicado pela associação a cada dois anos, o set or de farmácias de manipulação somou R$ 6,96 bilhões de faturamento no último levantamento, com margem de crescimento relativo acima da inflação do país, de 2017 para 2019, de 5,8%, enquanto a evolução do PIB do Brasil foi de apenas 2,2% no mesmo período, segundo dados do IBGE. Na comparação com a série histórica, enquanto o PIB do país caiu 4,2% de 2014 a 2019 em valores corrigidos pela inflação, o faturamento das farmácias de manipulação cresceu 10,8%.