O ator Leopoldo Pacheco cansou da imagem de homem sério no trabalho. Como personagem, não como profissional, que fique claro. Conhecido pelo telespectador como o vilão Leôncio, da segunda versão da novela “A Escrava Isaura” (2004), na Record, e pelo sofredor Cemil, da trama “Belíssima” (2005), na Globo, planejava mudar o perfil na TV. O diretor de informática Raul, de “Beleza Pura”, surgiu para atender a seu pedido. O papel é um dos destaques do núcleo cômico do folhetim das sete. E mostra que o ator faz rir tão bem quanto faz chorar.
Como define Raul?
LEOPOLDO PACHECO – Ele é um cara engraçado, atrapalhado. Um solteirão que vivia atrás de mulheres até encontrar uma louca (Suzy, interpretada por Maria Clara Gueiros). Rolou uma química boa entre eles e deu no que deu.
Sua carreira é marcada pelo drama. Você quis mudar, pediu para fazer comédia?
LEOPOLDO PACHECO – Foi o Silvio de Abreu (supervisor do texto) quem me escalou para o personagem. Quando ele falou que era comédia, adorei. Não tinha medo de ficar marcado, mas foi bom mudar. Fazer comédia é difícil. Não que eu não soubesse fazer, o difícil é fazer o povo rir. Tinha medo de não conseguir. Agora sei que dá (risos). O engraçado é que também estou fazendo a primeira comédia no teatro.
Por que a comédia demorou para chegar?
LEOPOLDO PACHECO – Não sei porque demorou para chegar, mas chegou na hora certa. Veio depois de eu ter me firmado com os meus outros trabalhos. Eu acho que tenho cara de ator sério. Cansa ser levado sempre a sério (risos). Foi fácil gravar a primeira cena.
Engraçada?
LEOPOLDO PACHECO – A primeira cena engraçada que fiz foi com a Suzy no elevador (o clima entre os personagens fica quente quando eles estão no elevador). Foi mais fácil do que eu imaginava. A Maria Clara é encantadora, uma comediante reconhecida, ajudou muito.
O núcleo da comédia é um dos mais queridos da novela. Por que acredita que agradou?
LEOPOLDO PACHECO – ‘Beleza Pura’ tem leveza. As pessoas vêem e conseguem relaxar. O telespectador pode chegar em casa a fim de se divertir com a novela.
Muita gente que faz TV defende que é possível fazer programa popular ou humor com qualidade. “Beleza Pura” é um exemplo que se pode ser popular com qualidade, como “A Grande Família” – e diferentemente do “Zorra Total”?
LEOPOLDO PACHECO – Não dá para comparar o ‘Zorra’, que é da linha de shows, com novela. O trabalho na novela é contínuo, de longo prazo, precisa de manutenção diária para ser bom. ‘Beleza’ faz um humor diferente, que não agride ninguém. O mundo está muito violento, cheio de tragédia, que bom que a gente consegue fazer uma coisa que dá prazer.
O assédio do público mudou?
LEOPOLDO PACHECO – Não mudou muito, mas parece que o público ficou um pouco mais próximo. Curiosamente, as pessoas se divertiam com o Leôncio. Algumas chegavam em mim e falavam ‘eu quero ir para o tronco (risos)’. O Cemil sensibilizava, era o típico brasileiro.