
Organizadoras solicitaram a transferência do calendário deste ano para 2021, mas a administração municipal diz que só vai se manifestar após posicionamento de Comitê de Técnica e Ética Médica
Embora tenha havido organização do setor com a formação de uma Comissão Brasileira dos Organizadores de Corrida de Rua e Esportes Outdoor para criar protocolo específico para voltar com os eventos quando os contágios pela Covid-19 reduzirem, há pouca expectativa de que as corridas de rua voltem a ser realizadas em Curitiba até o fim do ano. A indefinição, na realidade, persiste até mesmo em relação ao cronograma para 2021.
A Associação das Empresas Organizadoras de Corrida de Rua de Curitiba protocolou pedido para a Comissão de avaliação de eventos de Esporte e Lazer (Caeel), sugerindo que o calendário de 2020 fosse transferido para 2021, com suas devidas adequações em datas (caso haja necessidade) e seguindo novos protocolos rígidos, que, entre outras alterações, poderiam reduzir o total de participantes, obrigariam o uso de máscaras para os atletas e teriam dispersão imediata.
Em resposta ao pedido, a prefeitura afirmou apenas que “haverá manifestação por essa comissão quanto à reprogramação de calendário 2020 e programação de calendário 2021 após manifestação do Comitê de Técnica e Ética Médica e conforme as orientações da procuradoria deste município.” O blog questionou a prefeitura de Curitiba, que reforçou o mesmo posicionamento, alegando que a transferência depende do comitê e que atividades que geram aglomeração estão suspensas até o fim da pandemia.
“Tratando-se de Curitiba, não [há expectativa de voltar este ano]. Além do cenário não ser favorável, temos ainda um ‘descaso’ dos órgãos responsáveis sobre o nosso setor”, critica Marcos Pinheiro, o presidente da Associação das Empresas Organizadoras de Corrida de Rua de Curitiba. De acordo com ele, a falta de uma resposta clara da Secretaria de Esportes e Lazer de Curitiba “inviabiliza qualquer planejamento de médio e longo prazo por parte das empresas, o que criaria um subsídio para que possam se posicionar junto aos atletas”.
Pinheiro alega que, em comparação com outras capitais, como Florianópolis, São Paulo, Rio, Manaus, entre outras, Curitiba não parece demonstrar interesse em “fazer a mudança completa do calendário para 2021 e também não se interessa em propor auxílio ou pacote de assistência em um momento tão sensível, visando a sobrevivência do setor”, acrescenta.
Na avaliação de Pinheiro, a mudança seria benéfica até mesmo para a prefeitura. “Desde março, as provas foram canceladas. Não houve cancelamento por parte das organizadoras em razão de um decreto municipal. Com a possível mudança para 2021, temos tempo de planejar, de tentar vender, esperar uma retomada da economia, uma possível vacina, e que passe este caos do momento”, ressalta.
Mercado de R$ 3,1 bilhão
Estimativas do Sebrae apontam que o mercado de eventos esportivos de rua e outdoors movimentou R$ 3,1 bilhão em 2018 – considerando inscrições, patrocínios, venda de produtos, entre outros locais. Em todo o país, as projeções colocam 11 milhões de praticantes, sendo que, deste todo, cerca de 5 milhões participaram de algum evento. Em 2019, as vendas de inscrições de mais de 7 mil eventos ultrapassaram a marca de R$ 1 bilhão.