A serigrafia-poster “The Monkey’s Mother”, que ilustra esta coluna, é obra do multimídia Paul Zelevansky, norte-americano que se distingue entre os artistas cuja produção pertence tanto ao domínio das artes visuais quanto da literatura.

  Ele é autor da trilogia “The Case for the Burial of Ancestors”, cujos livros escritos respectivamente em 1981, 1986 e 1991, apresentam literalmente um universo próprio no qual desfilam textos, figuras, citações, que têm como principal objetivo desafiar o desenrolar costumeiro da narrativa de qualquer livro. Neste caso, também não se trata de algo como “Finnegans Wake”, o último livro do irlandês James Joyce (1882-1941), que confronta a escrita e a literatura, ao se referir a uma família irlandesa numa linguagem multilinguística de diferentes níveis e múltiplos significados. 

  O que Zelevansky faz, é propor diferentes variáveis quanto às artes gráficas em geral – e aqui me refiro não somente às específicas do livro ou da literatura – mas também àquelas relativas às da impressão e aos aspectos artísticos, além de selecionar também imagens de propaganda, fotografias curiosas, muitas vezes do próprio artista disfarçado.

  Em seus livros, uma eclética coleção de fontes tais como hieróglifos, o Velho Testamento, pinturas de Fra Angélico, Georges Seurat, a mitologia, livros como a “A Montanha Mágica” de Thomas Mann e “Moby Dick” de Herman Melville se mesclam de modo textual e figurativo para criar um arquivo de signos e significantes que abordam a comunicação humana em inúmeras possibilidades de entendimento.
  Assim, como estudioso e amante das linguagens gráficas, tanto a seqüência narrativa quanto as questões específicas ao tema vão de encontro aos questionamentos que o artista faz do material impresso em geral, incluindo-se a serigrafia.

  Desta maneira, geralmente suas gravuras são acompanhadas de textos nos quais o artista difunde seus pensamentos sobre as imagens, reconhecimento e percepção. Acrescente-se que, por outro lado, Zelevanski é um artista performático que mostra e/ou se apresenta com ações artísticas surpreendentes, numa linha que bordeja territórios insólitos, com toques de irreverência e humor, às vezes retratando situações um tanto críticas. 

  Ele também trabalha como professor e orientador da Universidade da Califórnia, em linhas de pesquisa que mesclam a mídia eletrônica, a criatividade e questões pedagógicas. Para o “New Yok Hall of Fame”, em 1991, montou “O Sistema Imunológico Humano”, uma exposição interativa que mesclava ciência, conhecimento tecnologia, animação e simulações, nas quais mostrava as diferenças entre condições saudáveis e doentes do ser humano, segundo texto de Johanna Drucker. “Paul Zelevansky – artist – Artists’ Profiles”.  Ver em https://findarticles.com
  Para saber mais um pouco sobre o artista, “Surplus Nervous Energy” é um ensaio proveniente de “Imagine a Place Where Ideas Have No Boundaries” traduzido para “Imagine Um Lugar Onde Idéias Não Têm Fronteiras”, em Emergences, de maio de 2020, no qual Zelevansky escreve e comenta sobre o livro “The Biology of Art”, 1961, de Desmond Morris. Pode ser acessado no site www.criminalanimal.org/people/writings/paul.html

  Outro trabalho, em que o artista estudioso de imagens faz considerações muito importantes para a análise de 24 proposições visuais/verbais a respeito da grama’tica, significado e metafísica, usando uma estrutura que vai passo-a-passo construindo cada lição sobre a que a precede. Em formato pdf, está disponível no site:    www.greatblankness.com/24IDEASINTRO.pdf

  A serigrafia “The Monkey’s Mother” faz parte de uma série em que Zelevansky descreve situações de interação, tipo “sketches” ou cenas, que se desenrolam entre o “Macaco & o Homem” – escrito exatamente como o artista assim o fez – o Macaco em primeiro lugar.

  A obra, que pode ser vista na exposição “Gravura Contemporânea – Diálogos”, participou da “X Mostra da Gravura Cidade de Curitiba – Mostra América”, a maior e melhor das mostras de gravura já realizadas, que teve lugar em 1992. Museu da Gravura Cidade de Curitiba (Rua Pres. Carlos Cavalcanti, 533 – fone 41 3321-3269).