Depois de submergir por mais de 40 horas, após o apagão da terça-feira à noite, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, falou hoje pela primeira vez do problema e admitiu que o País pode voltar a ter apagões. “Nós não estamos livres de blecautes”, declarou a ministra em entrevista e fez questão de diferenciar o que houve terça-feira com o que ocorreu na gestão Fernando Henrique Cardoso, negando que o governo tenha prometido que não ocorreriam mais blecautes.

“O que nós prometemos é que não terá nesse país mais racionamento. Racionamento é barbeiragem”, atacou Dilma, que evitou ainda comentar os ataques da oposição. “Eu não vou entrar nesse tipo de polêmica, que não me interessa. Não é por aí a discussão. Não se pode politizar uma coisa tão séria para o País Respondi a vocês tecnicamente”.

Antes de avisar que, para ela, o assunto “está encerrado”, a ministra insistiu que “não teve” apagão e afirmou que a imprensa estava “confundindo” duas coisas. Para a ministra, “uma coisa é blecaute” e emendou que “ninguém pode prometer que não vai ter interrupções neste sistema”.

Segundo ela, o que ocorreu não significa uma fragilidade do sistema e que, para ele ser 100% seguro, seria “muito mais caro” e “nós teríamos de pagar uma conta de luz bastante mais gorda do que nós pagamos”. “Porque nenhum país do mundo tem esse nível de redundância.” Em seguida, afirmou que o Brasil trabalha com 95% de segurança.

A ministra “lamentou” os transtornos causados pelo apagão aos consumidores, reconhecendo que o fato foi “muito desagradável”. Mas afirmou que não se pode “tentar apresentar ao País uma fragilidade que não existe”. Depois de insistir que “o Brasil de hoje é completamente diferente do Brasil que sofreu oito meses de racionamento” porque “nós temos energia sobrando e, naquela época, tinha racionamento”, a ministra comentou que não era possível evitar as intempéries.

“Se tem uma coisa que nós humanos não controlamos são as chuvas, raios e ventos”, declarou a ministra, ao salientar que a matriz energética do Brasil tem um diferencial positivo em relação à de países desenvolvidos. Lembrou que enquanto grande parte da Europa e os Estados Unidos usam termelétricas movidas a combustíveis fósseis, no Brasil a matriz energética é formada na maior parte por usinas hidrelétricas. Dilma disse ainda que a Aneel vai continuar a fazer as investigações para tentar descobrir o que aconteceu.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não falou diretamente sobre o apagão, mas, pouco antes das declarações de Dilma, defendeu o governo do blecaute durante discurso. Sem citar a palavra apagão ou fazer referência ao que chamou no dia anterior de “incidente”, afirmou: “Nós não controlamos as intempéries. Eu já disse que Freud dizia que tem algumas coisas que a humanidade não controlaria, uma delas eram as intempéries “