O secretário de Justiça, Família e Trabalho, Ney Leprevost (PSD), deixou ontem o cargo para disputar a prefeitura de Curitiba, na véspera da data limite prevista pela lei eleitoral para a desincompatibilização de ocupantes de cargos do Executivo que pretendem se candidatar às eleições deste ano. Na despedida, ele disse que sai do governo “mais unido do que nunca” com o governador Ratinho Júnior (PSD), e afirmou que Curitiba precisa resgatar a capacidade de inovação que a administração municipal teve durante as gestões do ex-prefeito Jaime Lerner. Leprevost, que é deputado federal licenciado, deve retomar na semana que seu mandato na Câmara Federal.
Questionado se espera ter o apoio de Ratinho Jr, o ex-secretário afirmou que essa é uma decisão que cabe somente ao governador. “Deixei o governador muito à vontade para tomar a decisão que for melhor para o Estado e para o grupo político dele”, afirmou. “Mas eu tenho imensa gratidão ao governador pela oportunidade que ele me deu de servir ao Estado como secretário. Considero o governador um amigo leal, sincero. E saio mais unido com o governador do que nunca. A nossa amizade está mais consolidada ainda”, garantiu.
Sem citar nominalmente a gestão do atual prefeito Rafael Greca (DEM), que deve concorrer à reeleição, Leprevost sinalizou que considera que a administração municipal teria perdido a capacidade de inovar na formulação de políticas públicas. “O que nós precisamos resgatar na sociedade curitibana e na administração pública do município é a capacidade de ousar e de inovar. Curitiba já foi referência de inovação nos governos Jaime Lerner”, considerou. “Essa capacidade de inovar precisa ser retomada, mas retomada com uma visão solidária voltada para a edificação do ser humano”, defendeu.
O ex-secretário também defendeu o adiamento das eleições para dezembro, em razão da pandemia do coronavírus. “Certamente será uma eleição diferente por causa da pandemia. Por isso mesmo eu defendo o adiamento para dezembro, sem prorrogação de mandato”, explicou.
Fake news
Ao retornar à Câmara, Leprevost disse que vai trabalhar pela aprovação do projeto de combate às “fake news”. Nas eleições de 2016, quando disputou o segundo turno com Greca, o deputado acusou a campanha do adversário de espalhar notícias falsas contra ele para prejudica-lo. “Acredito que as fake news são um problema gravíssimo. Elas colocam em risco a democracia. Nós sabemos que fake news mudam resultados de eleições. Isso aconteceu aqui em Curitiba”, reafirmou ele. “Fake news destroem reputações, levam a população a erro. Agora, durante a pandemia, atentam contra a saúde pública”, disse.