Rua alagada em Campina Grande do Sul: cidade ficou “sitiada” (Franklin de Freitas)

2022 tem sido um ano molhado em Curitiba, com a capital paranaense registrando um volume de chuva consideravelmente superior aos anos anteriores. Mas essa chuvarada, que por um lado traz alívio ao Paraná (que recentemente enfrentou uma das mais graves crises hídricas de sua história), também tem causado estragos e uma prova disso é que o número de ocorrências como alagamentos mais do que dobrou na Região Metropolitana de Curitiba (RMC) neste ano na comparação com o mesmo período do ano passado.

Segundo informações apuradas pelo Bem Paraná através do Banco de Dados Meteorológicos do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET ), desde o início do ano (1º de janeiro) até o começo da tarde de ontem (28 de novembro) já choveu em Curitiba um total de 1.583 milímetros de chuva, volume 34,7% superior ao total de chuva na cidade ao longo de todo o ano de 2021.

Ao mesmo tempo, o número de desastres hidrológicos e meteorológicos (como tempestades, alagamentos, enxurradas e inundações) em toda a Grande Curitiba dobrou, passando de 28 ocorrências em 2021 (entre 1º de janeiro e 28 de novembro) para 56 em 2022 (no mesmo intervalo de tempo). Dos 29 municípios metropolitanos, 21 já registraram algum tipo de problema desse tipo (três cidades a mais que no ano passado).

Neste momento, inclusive, a Defesa Civil está em alerta após o INMET emitir um alerta vermelho para tempestades na RMC e no litoral do Paraná, válido até a noite de hoje (29). A previsão é de chuva superior a 60 mm/h ou acima de 100 mm/dia e ventos intensos (60-100 km/h), com risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e descargas elétricas.

No dia de ontem, alguns municípios já tiveram problemas por conta do mau tempo. Na Grande Curitiba, por exemplo, a cidade de Campina Grande do Sul foi a mais afetada, numa situação que atingiu mais de 400 pessoas, segundo a Defesa Civil.

Os bairros Taquaral e Terra Boa chegaram a ficar praticamente isolados, com estradas debaixo d’água e ruas alagadas. Além disso, a rodovia que leva ate o bairro Taquaral chegou a ser interditada devido à elevação do rio e houve um deslizamento de terra no quilômetro 51 da BR-116, sentido São Paulo, também em Campina Grande do Sul, o que interditou parcialmente o trânsito, gerando filas. Já no bairro Canelinha algumas famílias tiveram suas casas alagadas e acabaram tendo de ser abrigadas por parentes.

No Litoral, também foram registrados vários pontos de alagamentos, principalmente em Guaraqueçaba, que anotou mais de 40 milímetros de chuva em 24 horas, segundo do Simepar. Também houve pontos de alagamento em Paranaguá, Morretes e Antonina.

Veículos são atingidos por deslizamento de terra na BR-376
O dia chuvoso provocou transtornos nos municípios da Grande Curitiba. Além de muita chuva, três trechos de rodovias que corta a região registraram queda de barreira. Um dos casos foi mais grave, já que veículos foram atingidos pelo deslizamento.

Foi no km 669 da BR-376, em Guaratuba. Imagens mostravam a pista coberta por terra e veículos parcialmente soterrados. Não havia informações sobre vítimas até o fechamento desta edição.

Mais cedo, a Concessionária Autopista Régis Bittecourt informou um deslizamento de terra no km 51, em Campina Grande do Sul, sentido São Paulo, que deixou uma faixa e o acostamento bloqueados devido a deslizamento de terra. O tráfego fluiu com lentidão pela faixa esquerda da via, e foi liberado só no começo da noite.

Também ontem, no km 673 da BR-376, em Guaratuba, a Concessionária Autopista Litoral Sul registrou quedas de barreiras que causaram bloqueios de faixas

Campina Grande do Sul — Uma das cidades fortemente atingidas pela chuva foi Campina Grande do Sul. A Prefeitura pediu atenção para a população. “Devido às fortes chuvas ocorridas nas últimas horas na região do interior de Campina Grande do Sul, com um volume acima da média, a Prefeitura e a Defesa Civil solicita aos moradores das principais localidades afetadas, como Canelinha, Taquari, Coxo e Terra Boa, que fiquem em casa”.

Foram 133 dias de chuva na Capital paranaense em 2022. E vem mais por aí
Dados do Inmet revelam ainda que Curitiba já teve, em 2022, 133 dias de chuva. Isso significa que, de cada cinco dias, em duas datas choveu na capital paranaense ao longo deste ano. Um número que deve subir nas próximas semanas, aproximando-se do total de dias chuvosos em 2021 (152 datas). Para comparação, o ‘calendário de chuvas’ em 2020 havia tido 128 datas e nos anos anteriores (2019 e 2018) haviam sido registrados 162 e 159 dias com precipitações, respectivamente.
Ainda em novembro e até o começo de dezembro, contudo, muita água deve rolar na capital paranaense. É o que aponta a previsão do Simepar, acusando alta possibilidade de chover diariamente na capital paranaense até o próximo dia 9 de dezembro. Para hoje (29) e amanhã (30), inclusive, a previsão é que chova cerca de 30 mm na cidade (15 mm em cada dia), quando a média diária de chuva na cidade não chega nem a 5 mm em 2022 (4,78 mm, mais precisamente).

Socorro
Dicas e contatos em caso de uma emergência

Em caso de emergência, o cidadão pode ligar para a Defesa Civil (telefone 199) ou para o Corpo de Bombeiros (telefone 193). Caso a pessoa more em Curitiba, também é possível ligar para a Guarda Municipal (153), enquanto para a retirada de árvores da via pública na capital paranaense o contato é a Central 156 de Atendimento ao Cidadão.

Algumas outras dicas também são importantes para evitar riscos e problemas diante do alerta de tempestade para o leste paranaense. O INMET, por exemplo, orienta para que se desliguem aparelhos elétricos e o quadro geral de energia. Se estiver em casa ou no escritório na hora do temporal, evite sair.
Em caso de rajadas de vento, a população não deve procurar árvores para se abrigar por conta do risco de queda e descarga elétrico. O ideal é, se a pessoa estiver na rua, procurar um local seguro em nível elevado, longe de árvores e fios de alta tensão e sem tentar atravessar vias inundadas (seja a pé ou de carro).
Também é recomendado não estacionar próximos a torres de transmissão e placas de propaganda e, em caso de situação de inundação ou similar, proteja seus pertences da água envoltos em sacos plásticos.

Volume de chuva em Curitiba, no ano todo
(dados em milímetros)
2022*: 1.583,0
2021: 1.175,2
2020: 1.217,4
2019: 1.432,0
2018: 1.482,8
2017: 1.366,6
2016: 1.678,2
2015: 1.900,0
2014: 1.246,2
2013: 1.175,2
2012: 1.282,6
2011: 1.656,2
2010: 2.031,0

  • Até 28/11
    Fonte: Banco de Dados Meteorológicos do INMET