Um dos mais criativos artistas paranaenses, Cleverson Salvaro nos surpreende mais uma vez. Agora, é seu projeto, tornado realidade através da Bolsa Produção da Fundação Cultural de Curitiba, que está exposto no Museu da Gravura Cidade de Curitiba, no Centro Cultural Solar do Barão.
  Nascido em Curitiba, em 1980, Cleverson Salvaro é formado em Educação Artística com Habilitação em Artes Plásticas pela Faculdade de Artes do Paraná. Realizou sua primeira individual “Irreferência” no Memorial de Curitiba, em 2004, logo seguida por outra, em 2005,  no Centro Cultural São Paulo, SP e expôs individualmente na Casa Andrade Muricy, no ano passado.
  Sua presença em salões importantes teve início em 2001, quando participou do VII Salão Unama de Pequenos Formatos, em Belém, PA, logo seguida do 58º Salão Paranaense, onde recebeu premiação. Daí, aparecem em seu currículo uma série de coletivas, nas quais se incluem novamente, o Salão Unama de 2002; o Paranaense de 2003; participação na coletiva realizada no ano seguinte no Museu de Arte Contemporânea do Paraná; mostra “Outro ponto de vista” na Galeria da CAIXA e intervenção, junto a Vanessa Carvalho e Margit Leisner, numa parede das escadarias do SESC da Esquina, em Curitiba.
  Lembro o quanto surpreendeu o júri do 58º Salão Paranaense, no qual fui um dos membros, a sua obra composta por bonequinhos de plástico espalhados nos mais insólitos lugares das salas de exposição do MAC/PR. Eles estavam pelo teto, pelos rodapés, ora completamente camuflados, ora mais visíveis, muitas vezes dois ou mais ocupavam pontos estratégicos dos espaços.
  Em 2005, participou de coletivas na Sala Índice do Museu da Gravura Cidade de Curitiba, no Centro Cultural São Paulo, dentro do programa de exposições 2005, bem como da exposição “Lugar” no Museu de Arte da UFPR e “Nano” no atelier de Eliane Prolik.
  No ano passado, foi a vez de suas obras integrarem a mostra “Disposição” no Espaço Contramão, em Florianópolis, SC e “Mais Perto”, na Ybakatu Espaço de Arte, sempre apresentando obras caracterizadas pelo sentido inédito proveniente de uma visão muito pontual. Deste modo, o artista já executou várias interferências, destacando-se sua intervenção nas ruínas de um antigo stand imobiliário, em parceria com Rodrigo Dulcio, em 2005.
  Alguns meses atrás, recebi um e-mail do Cleverson, indagando se poderia participar de seu projeto das figuras, o que logo concordei. E mais uma vez, sua criatividade – junto à disposição para encontrar o seu ponto de vista verdadeiramente particular que aciona a grande parte da sua arte conceitual –  foi revelado na coleção de imagens que estão hoje expostas no Solar do Barão.    É notável a capacidade do artista em desenvolver obras e projetos inéditos sob inúmeras configurações e nos quais se encontra um elo de ligação, geralmente constituído pela sua preocupação com o ser humano. “Ser” humano no sentido de humanidade, pensamento, constituição e atuação. Em Cleverson, esta capacidade criativa se apresenta quase como uma segunda natureza, íntima, congênita, que atua descobrindo, revelando fatos e pormenores que, sem sua interferência, passariam despercebidos.   Assim, sua arte da descoberta fez nascer o “Álbum”, que reúne uma centena de fotos de pessoas ligadas ao mundo artístico de Curitiba, apresentado na mostra da Bolsa Produção. O artista também permitiu a interferência e/ou escolha dos fotografados que sugeriram cores, locais, posições, distâncias, tratamentos de imagem, tendo como objetivo comum ao artista e ao fotografado uma figura que se aproximasse em alguma qualidade ou particularidade à imagem que o representava. 
  Executada a primeira parte que abrangia a coleta das imagens, seguida do trabalho digital sobre as figuras, expostas/dispostas num semicírculo na exposição, agora a questão lúdica envolve o trabalho, possivelmente a parte mais atraente da obra.   Como é sabido, o colecionismo ou ato de colecionar, acompanha o homem desde tempos imemoriais. Muito expandido no século 19, devido à ciência da época, até hoje representa um apelo irresistível ao ser humano que nele emprega forças, dinheiro e poder, à medida que suas coleções vão crescendo ou se completando.  E este é, justamente, o último elo da corrente que se iniciou nas fotos do Cleverson, passou pela exposição e continua agindo nas mil figurinhas que estão inseridas nos catálogos da mostra à solta na cidade. Isto já motivou contatos por e-mails, telefonemas, perguntas, e o ávido desejo de completar a coleção, por parte de cada um de nós, não somente os fotografados, como todos os que tomam conhecimento da obra.
  Sem contar o primordial: o colecionismo é fator inerente à arte!
  Exposição aberta té 10 de junho, no Solar do Barão. (R. Carlos Cavalcanti, 533 fone 41-3321-3334).