O Solar do Rosário e o Núcleo de Arte Contemporânea Edilson Viriato – CACEV estão convidando para o vernissage das artistas plásticas Claudia de Lara, Marlene Zanchet e Sandra Hiromoto, a ter lugar no próximo domingo, dia 22 de junho, às 11h. da manhã, no Solar do Rosário. (Rua Duque de Caxias, 04 – fone 41- 3225-6232).
 Denominada “3 individuais simultâneas”, o título indica de um modo muito objetivo que as três artistas, embora reunidas neste evento, desenvolvem suas linguagens artísticas completamente em separado. De fato, acompanhando, como membro dos júris de seleção, os trabalhos enviados por elas para dois dos mais recentes salões de arte do Paraná – o do Graciosa Country Club e o da UNIMED em Ponta Grossa –  pude constatar este nítido limite imposto pelas artistas em se tratando da individualidade em suas obras.
  Mesmo Claudia de Lara e Marilene Zanchet trabalhando com a figura humana mantêm, cada uma, a fatura de suas respectivas pinturas tanto nas poéticas quanto nas linguagens facilmente discerníveis e separadas uma da outra.
  Desta maneira, em relação à Claudia, é pelo acréscimo do aspecto lírico e da revisão de certo pontilhismo que – embora descendente direto do pós-impressionismo dos parisienses Seurat e Signac de 1880 – ela vem demonstrar a atualidade de sua pintura. A temática também vem colaborar em sua linguagem, pois ela trata do cotidiano e, conseqüentemente, dos dias de hoje nos quais ela ainda consegue inserir certo romantismo. A sua individual intitula-se “slow motion” que dá bem a idéia de uma tarde ensolarada de domingo no lago, como é a pintura que usa como ícone de sua mostra.
  Por outro lado, as porções estocadas e carregadas de tinta acrílica com as quais Marilene Zanchet constrói suas figuras sem rosto e reduzidas a “alguém que não se distingue na multidão” têm tudo a ver com o anonimato no nosso dia a dia. A ausência de fundo que se apresenta infinito pelo emprego do branco vem enfatizar a solidão e a uniformidade das pessoas transformadas quase em autômatos vestidos iguais. Há pouca distinção entre o homem e a mulher que simplesmente passam pela vida, se é que se assim se pode chamar tal existência no limbo. Contraditório, ou então, encarado como ironia é o título que a artista deu à sua exposição: “diálogos visuais” que trata exatamente do não-diálogo pela sintaxe visual que apresenta em suas obras.
  Sandra Hiromoto teve primeiramente formação em Desenho Industrial pela PUC-PR em 1990, complementada por uma  Pós-Graduação em Marketing e Gerenciamento de Empresas pela FUNESP, em 1993. Tudo indicava que a artista seguiria um caminho dentro de empresas ou indústrias. Porém, tendo despertado sua vocação para o desenho e pintura iniciou estudos da figura humana com Lélia Brown, em 1998, e desde 1999 recebe orientação artística de Edilson Viriato. Sua capacidade artística lhe permite transitar entre os dois tipos de criação: na profissão de design gráfica trabalhando com ótimo material de divulgação e nas artes visuais, em que é extremamente sensível.
  Sua sensibilidade para com as formatos e cores pode ser vista agora na exposição “objetos e afetos”, quando apresenta objetos corriqueiros que se mascaram em signos de tonalidades chapadas. As formas reconhecíveis dos objetos são de tal maneira encaixadas e “disfarçadas” que num primeiro olhar tudo o que se vê  é uma excelente obra abstrata. Precisa-se de atenção para “descobrir” os objetos e as cenas que os complementam, numa pintura que transforma os itens de uma casa em linguagem de arte.
  Segundo Rosemeire Odahara Graça: “Sandra cria com a representação da mulher através de seus símbolos e dos símbolos que a mulher representa. Ela compõe com metáforas visuais e textuais, construídas pela pintura ou pelo uso de meios eletrônicos. Suas interpretações de objetos cotidianos muitas vezes referidos como somente de uso feminino, em algo remete as ironias das máquinas amorosas do pintor francês Francis Picabia (1879-1953).” Excerto do livro: “Wakane – A Arte Visual Nipo-brasileira no Paraná”. Curitiba.2003.