Ivan Bueno/APPA – Soja paranaense pode ganhar destaque maior neste ano

O agronegócio paranaense pode vir a colher bons dividendos por conta da guerra comercial entre China e Estados Unidos. Em abril último, os asiáticos anunciaram uma taxa de 25% em relação à soja estadunidense. Aliado à quebra da safra na argentina, a situação cria uma oportunidade de direcionamento de demanda para o grão produzido no Brasil, deslocando outros compradores. E o Paraná é atualmente o segundo maior produtor nacional do grão.
Ontem, analistas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgaram estudos nos quais apontam que o cenário para exportação de soja deve se manter aquecido em 2019. 
De acordo com estimativa do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a safra mundial de soja em grãos deve ser a maior da história, com 367 milhões de toneladas. Desse total, os Estados Unidos devem plantar 124 milhões e o Brasil, 120 milhões de toneladas.
“Os chineses estão taxando em 25% a soja em grãos americana e, com isso, as exportações de soja no Brasil deverão manter-se aquecidas no próximo ano, pois somos o único país capaz de vender o produto e ocupar o espaço deixado pelos norte-americanos”, explica Leonardo Amazonas, analista de mercado de soja da Conab. “Por isso, a área de soja brasileira para a safra 2018/2019 deve aumentar”, acrescenta.
Por isso, a perspectiva para a safra 2018/19 de soja é positiva, segundo a análise. Acredita-se que a produção deverá ser maior que a atual (2017/18), devido ao aumento de área para suprir a demandas internacionais, e poderá superar as expectativas, a depender do clima.
Atualmente, ainda segundo dados da Conab divulgados no último mês de maio, o Paraná é o segundo maior produtor nacional do grão, com uma produção de 19,07 milhões de toneladas numa área plantada de 5,444 milhões de hectares. Apenas o Mato Grosso possui uma produção mais expressiva (31,887 milhões de toneladas para uma área plantada de 9,519 milhões de hectares), mas a produtividade paranaense é bem superior: 3.503 kg para cada hectare contra 3.350 kg/ha.

Preço do produto pode subir
Além da expectativa de crescimento das exportações, a consultoria INTL FC Stone aponta também que a taxação da soja estadunidense pode refletir nos valores pagos pela soja brasileira. Isso porque mesmo que toda a soja brasileira para exportação fosse direcionada ao mercado chinês, ainda não seria o suficiente para atendê-lo plenamente.
Neste ano, os embarques do Brasil para o resto do mundo devem somar 69,5 milhões de toneladas, ainda segundo a consultoria. Faltariam, então, 30 m ilhões de toneladas para satisfazer a demanda do país asiático, o que significa que não teria como os chineses deixarem de importar soja dos EUA. Os prêmios a serem pagos pela soja brasileira sobre as cotações internacionais, então, tenderiam a subir com a demanda maior, até atingir o limite comparável de se comprar dos EUA.