Eloá Sieko da Silva Borracheira (Franklin de Freitas)

A melhor borracharia tem nome e sobrenome e ultrapassa a marca fantasia de uma empresa. Quem estiver passando pelo bairro Capão da Imbuia, em Curitiba, e precisar trocar ou fazer manutenção em um pneu, tem a opção da borracharia de Eloá Sieko da Silva, 68 anos. Mas a surpresa é certa ao visualizar a figura mirrada e feminina, que não abre mão das unhas esmaltadas e suporta o peso, a graxa e o ambiente ainda visto como “tão masculino”.

Ao lado da companheira de todo dia, a cadela SRD chamada simplesmente de “Preta”, e a cuia de chimarrão, Eloá conta que a profissão não foi uma escolha. “Simplesmente aconteceu”, ao lembrar que herdou do irmão o ponto, há 40 anos, quando ele viajou e nunca mais voltou.

Quando o irmão morreu, o estabelecimento ficou para ela. Aprendeu na “cara e na coragem” a profissão. Entre as trocas de pneus ou recauchutagem, a senhorinha está ou na vassoura, ou afagando a mascote, há 10 anos com ela. “Tudo vira troca”. Trabalha onde mora, no pequeno prédio de dois andares, então “tudo está em casa”.

Eloá Sieko da Silva, conhecida borracheira na Capital, não teme o serviço pesado, mas sem perder a pose (Franklin de Freitas)


Perfil


É viúva, com um casal de filhos. De uma simplicidade única, de poucas palavras e sem luxos. Só não abre mão do cuidado com as unhas. Diz ela que é para esconder a sujeira, típica da lida diária de uma oficina.

A timidez, no entanto, permite sorrisos furtivos entre olhos que ficam marejados diante das lembranças.

Tem boa amizade com os clientes e vizinhos que aparecem para uma conversa, afinal não tem quem não conheça a borracheira do número 1.505 de uma das avenidas movimentadas do bairro.

E o silêncio pausado tem motivo. Há 20 anos, descobriu que tinha problemas na tireoide e ficou com dificuldades na fala. Precisou aprender a conviver com a limitação.

A vizinha de frente é a Jaqueline Sampaio. Proprietária da floricultura, conhece a “dona Eloá” há dois anos quando se mudou para o bairro, mas parece que faz tempo, tamanha a amizade e cuidado que adquiriu ao longo do tempo.

“Como sou muito conversadeira e gosto de tomar chimarrão, foi assim que a conheci.” Para ela, Eloá é muito “trabalhadeira, dá gosto de ver. Ela tem uma labuta grande,” lembrando da rotina puxada.

Se a profissão é “pesada”, Eloá dá de ombros lembrando que a modernidade ajuda no acesso a vulcanizadores de pneus, macacos hidráulicos e parafusadeiras de impacto ajudam e tanto. “Hoje, não tem muitas dificuldades. Só habilidade e jeito com a coisa.”

Não pensa em parar, diz ela. E nem é pelo dinheiro, mas simplesmente porque não saberia deixar de ter esse contato diário com as pessoas. Sem contar que o exercício físico ajuda a manter a agilidade física e mental.

“Enquanto der, estou aqui com muita satisfação”, encerra porque o dia é longo.

Serviço

A Melhor Borracharia

Rua Delegado Leopoldo Belczack, 1505 – Capão da Imbuia

Fone: 41 3266-9349