O Setor de Pesquisa e Documentação do Museu de Arte Contemporânea do Paraná é, indiscutivelmente, o melhor lugar de Curitiba para a busca de documentos e materiais de artes visuais relativos a todos os acontecimentos e eventos que ocorreram no Paraná. Soma-se a este conteúdo, um grande número de livros, enciclopédias, publicações, catálogos de salões, folders e outros do gênero, sem contar as valiosas informações e dados coletados em pastas individuais referentes a cada artista, além das pastas coletivas utilizadas quando os assuntos oferecem condições para reuni-los.
A mais recente realização do setor é a exposição “Salão Paranaense – Arte e História”, que apresenta um panorama deste evento, desde a sua inauguração, ocorrida em 10 de novembro de 1944, até os dias de hoje. A mostra exibe, em vitrines e painéis de vidro, as fotografias, documentos e demais impressos relacionados às 62 edições do Salão Paranaense, que até o sexagésimo evento tinha mantido a hegemonia do salão anual mais antigo do Brasil.

Esta continuidade provocava uma certa inveja e algum ressentimento de entidades artístico-culturais doe outros estados e capitais brasileiras com maior tradição artística que o Paraná, cujos salões não tinham modo de reivindicar tal atributo, ou por serem mais recentes que o paranaense ou por apresentarem ao longo de suas histórias particulares uma série de vicissitudes, como a não-realização de um ou mais salões ou também pela troca da denominação, como ocorreu várias vezes com o Salão Nacional realizado no Rio de Janeiro. Além do que, o Salão Nacional passou por diversas mudanças em sua estrutura. Claro que concordo que o formato possa, às vezes, ser modificado. Hoje em dia, principalmente devido ao advento, permanência e incremento cada vez maiores e mais rápidos de manifestações da tecno-arte, as estruturas ou composições da elaboração e realização de um salão até podem mudar, porém o elemento da periodicidade, uma vez estabelecido, deveria permanecer. Imagine se a Bienal de Veneza passasse a ter mais de dois anos entre os eventos, o que seria do nome tradicionalmente  estabelecido há tantos anos atrás?

Voltando à exposição, ali se pode ter uma idéia do que era o salão em seu início, e em seu excepcional desenvolvimento e maturação ao longo dos anos. Tanto é que praticamente todos os grandes artistas brasileiros passaram por ele. Que o diga o acervo artístico do MAC-PR, resultado das premiações do Paranaense, onde se pode encontrar quase na íntegra, toda a história da arte brasileira!

Nesta mostra, também estão presentes alguns exemplares das obras premiadas, sendo destaque, logo na entrada, um óleo sobre tela de Nilo Previdi.

Quero ressaltar que um centro de documentação da excelência do setor do Museu de Arte Contemporânea do Paraná, deve sua permanência ao corpo de funcionários que vêm carinhosamente guardando e cuidando do acervo documental e bibliográfico. É óbvio que tal conduta conta com a anuência dos diversos diretores da instituição que reconheceram no passado e dos que agora conhecem o valor das informações ali contidas, como o atual diretor Alfi Vivern. Mas, sem a dedicação das pessoas que ali trabalham, o resultado não seria o mesmo. Notável é a atenção dispensada pelos funcionários aos pesquisadores, permitindo e facilitando o acesso a todos os documentos, já classificados e à disposição do público.

Correndo o risco de esquecer muita gente importante, destaco aqui funcionários como Iraí Casagrande, Vera Regina Biscaia Vianna Baptista, Regina Célia Rezende, Lilian Friedrich Caldas, um sem-número de estagiários e colaboradores fiéis como Lúcia Ryzicz, além do trabalho de Leony Roherig Rutz, entre tantos que mantiveram e desenvolveram o setor. Isto sem falar na onipresença de Ennio Marques Ferreira, sempre consultado pelo setor quando se trata de valiosas informações sobre pormenores da história da arte paranaense e nacional. Ele também foi o criador do símbolo gráfico do Salão Paranaense, utilizado pela primeira vez na trigésima primeira edição, em 1974.

A mostra fica aberta até 07 de março, no Hall da Secretaria de Estado da Cultura (SEEC Rua Ébano Pereira, 240). E o Centro de Documentação do MAC-PR fica na Rua Des. Westphalen, 16, fone 41-3233-6872.