Dados divulgados hoje pelo Ministério do Meio Ambiente mostram que carros a álcool podem poluir tanto quanto os movidos a gasolina. Além disso, os motores com menor potência chegam a poluir mais do que os equipamentos com maior capacidade. O cálculo foi feito com base na Nota Verde, que informa, para veículos fabricados em 2008, as medições da emissão de três gases poluentes – o monóxido de carbono, hidrocarbonetos e óxido de nitrogênio.

Em relação ao CO2, um dos principais gases do efeito estufa, o álcool, por ser renovável, tem suas emissões neutralizadas pela absorção feita pelas folhas da cana-de-açúcar

No ranking de 258 provas sobre poluição e emissão de gases a que foram submetidos pelas empresas os veículos que fabricam, as melhores notas – de 0 a 10 – foram dadas a carros que usavam gasolina no momento dos testes.

O campeão foi o Ford Focus 2008, motor 2,0 DOHC I-4 SFI, o que jogou por terra o mito de que veículos com motores menos potentes poluem menos. Pelo contrário. Do primeiro ao sétimo lugar entre os menos poluidores, prevaleceram os motores mais potentes, de 1,4 cilindradas a 3,5.

Coube a um Fiat Uno com motor de 1 mil cilindradas o oitavo lugar entre os menos poluentes. Por coincidência, na hora do teste a montadora usava o álcool como combustível. Quanto à emissão de CO2, que aumenta o efeito estufa, um Fiat de mil cilindradas, de oito válvulas, e motor L5, com gasolina, obteve a nota 10, o que representa zero de liberação de gases. O segundo lugar coube também a um Fiat Uno Way, de motor 1,0. Ele obteve nota 9,9, também com gasolina.

A tabela com todas as notas para os veículos fabricados em 2008 pode ser acessada na página do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) – www.ibama.gov.br -, no link “Nota verde”.

Lá, pode-se verificar se o carro é pouco ou mais poluente e se emite mais ou menos gases que contribuem para o aquecimento global. É possível também saber detalhes sobre os poluentes emitidos, embora este seja um dado técnico de difícil compreensão para boa parte dos proprietários de veículos.

Por exemplo: 99% da poluição veicular é do monóxido de carbono, hidrocarburetos não queimado e óxido de nitrogênio. Os gases de efeito estufa são os dióxido de carbono, também conhecidos por gás carbônico.

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse que avisou às montadores que divulgaria a Nota Verde referente aos veículos. As empresas fizeram um apelo para que ele esperasse a linha de 2009 e que não utilizasse os números dos veículos recém-saídos da fábrica, visto que ainda estavam verdes, sem amaciar o motor.

“Achamos que divulgar os dados pode levar proprietários a observar quais os veículos que poluem ou emitem mais ou menos gases. Isso pode ser importante”, disse Minc. Ele prometeu que os dados de 2009 serão postos na rede assim que as empresas os liberarem.

O coordenador do Laboratório de Poluição da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Saldiva, considera uma ótima notícia a divulgação das informações. “Mostra que, neste caso, o governo foi mais forte que as montadoras”, aponta Saldiva. Ele pondera que, com o tempo, os consumidores adotarão um costume já estabelecido na Europa e na América do Norte: levar em conta o impacto ambiental ao adquirir um automóvel. “Quando uma pessoa está indecisa entre dois modelos, servirá como critério de desempate.”

Apesar dos benefícios que da iniciativa, especialistas fazem algumas ressalvas. “Por uma questão de saúde pública, o governo deveria pensar em investir na tecnologia de veículos que não poluem, incentivando o transporte limpo”, afirma João Talocchi, coordenador da campanha de clima do Greenpeace Brasil.