BRASÍLIA, DF, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, anunciou a concessão de três ferrovias até 2020, dando partida ao que chamou de “retomada do transporte ferroviário” no país. O comunicado foi feito em vídeo publicado em suas redes sociais.

Segundo ele, as iniciativas devem fazer com que a participação ferroviária na malha de transportes dobre até 2025.

Ferrovias respondem por cerca de 15% do escoamento da carga movimentada no país, segundo dados da EPL (Empresa de Planejamento em Logística) do ano passado. Rodovias respondem por 65%.

“O governo vai retomar o transporte ferroviário com um programa ambicioso, mas possível”, disse.

De acordo com Freitas, em março será lançada a licitação da Norte-Sul, para ligar Porto Nacional (TO) a Estrela D’Oeste (SP). A intenção é conectar o porto de Itaqui, no Maranhão, ao porto de Santos (SP).

Apesar do tom dado pelo ministro de se tratar de anúncio do novo governo, o trâmite da concessão da Norte-Sul já estava avançado na gestão anterior. No fim de 2018, o governo de Michel Temer marcou o leilão da estrada de ferro para 28 de março deste ano. O lance mínimo será de R$ 1,3 bilhão.

Prometidas para saírem entre 2019 e o início de 2020, estão uma linha de Caetité ao porto de Ilhéus, na Bahia (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), e a licitação da Ferrogrão (Sinop,MT, a Miritituba, PA), que beneficiaria a produção agrícola do Mato Grosso.

“A gente pode estar falando da segunda revolução do agronegócio, porque isso vai ter um impacto enorme nos fretes”, afirmou Freitas.

“Queremos retirar caminhões das rodovias, reduzir o custo Brasil e dar mais eficiência ao transporte de carga”.

O ministro ainda anunciou que as outorgas (antecipação do valor que o licitante arrecadará no futuro) da prorrogação de contratos serão usadas para construir novos trechos, proposta também aventada pelo governo Temer.

A primeira ferrovia a ser construída nesse sistema deve ligar Água Boa (MT) a Campinorte (GO), conectando o Mato Grosso à ferrovia Norte-Sul.

Após as eleições, a equipe de Jair Bolsonaro recebeu da gestão Temer informações estratégicas em diversas áreas, entre elas a de logística.

A equipe de Temer defendia rever a concentração da matriz logística no país para aumentar a eficiência dos transportes e diminuir a vulnerabilidade a paralisações como a dos caminhoneiros em 2018.

Prova da falta de investimentos no setor, em 2018 apenas 7% dos R$ 10,5 bilhões previstos no orçamento para empreendimentos do Ministério dos Transportes foram destinados a projetos de ferrovias.

Rodovias ficaram com 66% dos recursos, sendo que mais da metade foi para manutenção de estradas já existentes.

Quando oficializou a candidatura à Presidência, Bolsonaro tratou o tema das ferrovias de forma vaga em seu programa de governo.